Em nota, AirBnB diz que vai custear o traslado dos corpos da família brasileira encontrada morta dentro de um apartamento no Chile. Velório coletivo deve ser realizado
Depois de receber críticas pela manifestação inicial a respeito da família brasileira encontrada morta em um apartamento em Santiago, no Chile, a empresa AirBnB diz que vai custear o traslado dos corpos.
O aplicativo de hospedagens disse ainda que vai pagar a ida e a volta da família para acompanhar os trâmites legais e trazer os corpos da capital chilena de volta para o Brasil.
“Nós nos solidarizamos com os familiares e estamos em contato para prestar todo apoio necessário aos familiares neste momento difícil. A segurança de nossa comunidade de viajantes e anfitriões é a nossa total prioridade”, disse a empresa em nota.
Em um primeiro momento, o AirBnB havia afirmado apenas que, “ao se vincularem à plataforma, os anfitriões das casas e apartamentos se comprometem com a responsabilidade pela segurança e pela manutenção do imóvel a ser alugado” e destacou que a empresa “não tem o dever de fiscalizar estes processos”.
Internautas criticaram o aplicativo de hospedagens. “O AirBnB não tem obrigação com nada? Muito lindo o liberalismo mesmo”, observou um usuário. “Igual ao Uber, que também nunca tem nada a ver. É a tal da ‘mão invisível do mercado'”, completou outro.
“Acho que no momento que você ganha dinheiro com a exploração de algo, você também deve arcar com os ônus da atividade. É igual ao YouTube querer lavar as mãos com relação aos conteúdos exibidos”, acrescentou outro internauta.
O Itamaraty disse ainda que não cabe ao governo brasileiro pagar pelo traslado. No Brasil, a família já havia iniciado uma campanha de arrecadação para trazer os corpos para o Brasil, que pedia R$ 100 mil, antes de o Airbnb se comprometer a pagar os custos.
Velório
Seis pessoas de uma mesma família morreram em Santiago, no Chile, nesta quarta-feira (22). As vítimas são Fabiano de Souza, de 41 anos; Débora Muniz, de 38 anos, esposa de Fabiano; Karoliny Nascimento, que completaria 15 anos, filha do casal citado; Felipe Nascimento, de 13 anos, também filho do casal; Jonathas Nascimento, de 30 anos, irmão de Débora; e Adriane Krueger, esposa de Jonathas.
O prédio onde ocorreram as mortes fica no centro da cidade. O apartamento data de 1965, possui três fontes de gás para aquecimento e foi alugado pela plataforma AirBnB.
Por enquanto, não há data de quando os corpos devem chegar ao Brasil. Parentes das vítimas disseram que pretendem fazer um velório coletivo quando os corpos chegarem a Biguaçu, na Grande Florianópolis, em Santa Catarina.
A família havia ido à capital chilena para comemorar o aniversário de 15 anos de Karoliny. A família estava prestes a voltar para casa porque a mãe de Jonathas e Débora havia morrido na madrugada da quarta, em Florianópolis. O corpo da mãe estava sendo velado quando a família morreu no apartamento em Santiago.
O gás
As autoridades chilenas acreditam que a família brasileira morreu por intoxicação de gás. Uma perícia já foi realizada no imóvel, embora o resultado ainda não tenha sido divulgado.
O monóxido de carbono é apontado como possível causador da tragédia. “O monóxido de carbono é gerado na fonte de calor. Geralmente, o que acontece em prédios mais antigos, é a liberação dele por vazamento nos canos do sistema de calefação”, diz o médico Pablo Mortiz
“Esse tipo de sistema não é comum no Brasil, mas em países onde ele é, como os Estados Unidos, por exemplo, há uma preocupação enorme com a possibilidade de intoxicação, tanto que prédios mais antigos costumam possuir alarmes para detectar vazamentos”, afirma.
“O monóxido de carbono é altamente letal, porque não tem cheiro nenhum, e justamente por isso é tão perigoso, é muito difícil que a pessoa se dê conta de que está sendo intoxicada”, acrescenta a especialista Cláudia Regina dos Santos.
Além do monóxido de carbono, as autoridades chilenas não descartam a possibilidade de que a família brasileira tenha sido intoxicada pelo gás usado para a cozinha ou para o aquecimento de água no imóvel.
Áudios
Antes de morrer, Débora Nascimento conseguiu enviar mensagens de áudio para familiares no Brasil pedindo socorro. As gravações foram reveladas por parentes nesta quinta-feira (23).
Na primeira mensagem, endereçada para sua irmã que estava no Brasil, Débora demonstra desespero com o estado de saúde do filho Felipe, de 13 anos, e pede ajuda.
A mulher chora, diz que o filho está “roxo” e pergunta se colocá-lo em uma banheira com água quente poderia reanimá-lo. “Eu não sei o que fazer”, afirmou.
No segundo áudio, Débora descreve que os demais familiares também estão apresentando os mesmos sintomas, como fraqueza e vômito. “As minhas articulações também estão parando e ficando roxas”, disse. “Acho que fomos contaminados por algum vírus. Acho que nós todos vamos morrer.”
O cônsul-adjunto do Brasil no Chile, Ezequiel Petersen, chegou ao apartamento cerca de uma hora e meia depois de ter sido contatado por familiares das vítimas que estavam no Brasil.
Petersen disse à imprensa chilena que precisou chamar um serralheiro para arrombar a porta do apartamento. Quando entrou no local, encontrou todos mortos.
Segundo as autoridades chilenas, o apartamento foi alugado pela família brasileira de uma pessoa que não seria a real proprietária do imóvel. “Tanto a proprietária do apartamento quanto a que o sublocava estão sujeitas a prestar depoimentos”, disse Carlos Albornoz, investigador chileno.
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