Banco Central da Argentina estabelece taxa de juros de 74%
Banco Central da Argentina estabelece taxa de juros recorde, de 74%. Medida gera aumento do endividamento do Estado e receituário neoliberal de Macri está cada vez mais em ruínas
Na tentativa de atrair investimentos na dívida pública e conter a desvalorização da moeda nacional, o Banco Central da Argentina (BCRA) estabeleceu nesta terça-feira (30/04) uma taxa recorde de juros, de 73,9%, com base no segundo leilão do dia das Letras de Liquidez (Leliq), títulos do tesouro com vencimento de sete dias.
A taxa é a mais alta desde o inicio dos leilões das Leliqs, em outubro de 2018, quando Guido Sandleris assumiu a presidência do Banco Central.
A medida serviu para que o país fechasse o mês de abril com o dólar maiorista (atacado) em 44,25 pesos e o dólar minorista (varejo) a 45,36 pesos, registrando uma queda após a moeda norte-americana chegar a a valer 47,50 pesos.
Segundo o jornal argentino Pagina 12, o método utilizado pelo Banco Central da Argentina pretende atrair investimentos e reter os fundos líquidos sob controle dos bancos, para evitar que a moeda nacional se desvalorize, e impedir uma dolarização da economia. Entretanto, a medida acarreta um aumento do endividamento do Estado.
Ainda no mês de abril, as ações de bancos e empresas argentinas caíram mais de 10 pontos em Wall Street, e o risco-país chegou a superar os mil pontos.
Inflação e congelamento de preços
Em três meses a inflação no país chegou à metade do esperado para o ano de 2019, acumulando 11,8%. Em 2018, a Argentina fechou o ano com a inflação em 54,7%, duas vezes mais do que o prometido pelo presidente Mauricio Macri.
O mês de março fechou com uma alta na inflação, atingindo 4,7%, a maior taxa desde o início da gestão de Sandleris.
No dia 17 de abril, Macri anunciou o congelamento no preço de produtos essenciais para tentar conter a inflação. Cerca de 60 produtos, entre eles óleo, arroz, farinha, macarrão, leite e açúcar, terão os preços fixados por seis meses.
O congelamento dos preços foi feito a partir de um acordo do governo com 16 empresas que fixaram os preços no último dia 22 de abril. Esses produtos estarão disponíveis em 2,5 mil pontos de venda. O preço de alguns tipos de carne, item muito comum nas mesas das famílias argentinas, também está congelado.
De acordo com pesquisa divulgada em 29 de março pelo Instituto Nacional de Censo e Estatística (Indec), o número de pessoas em situação de pobreza na Argentina aumentou 6,3% no segundo semestre de 2018, e cerca de 32% da população argentina é considerada pobre. Os números indicam que a pobreza aumentou 4,7% em seis meses.
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