George Bush é surpreendido com visita inesperada de Bolsonaro. Ex-presidente americano não esteve envolvido nos arranjos da viagem do brasileiro nem o convidou para a reunião, diz assessoria.
A mais recente viagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos Estados Unidos foi marcada por gafes e improvisos. O ex-presidente George W. Bush foi pego de surpresa pelo anúncio da visita do mandatário brasileiro.
Segundo o assessor de imprensa de Bush, Freddy Ford, Bush não foi consultado previamente e sequer convidou Jair Bolsonaro para um encontro em Dallas (Texas). “Ao contrário de algumas reportagens, o presidente Bush não esteve envolvido nos arranjos da viagem e não estendeu o convite para (Bolsonaro) vir a Dallas”, afirmou Ford.
O encontro forçado repercutiu. “Sem convite, penetra internacional, Bolsonaro foi a Dallas, às custas do erário, levar a cabo uma farsa. Não foi convidado, não houve prêmio algum, foi rejeitado por onde quer que passasse. Mais um vexame mundial”, comentou o jornalista Leandro Fortes.
“Bolsonaro fugiu das manifestações [em defesa da educação] e xingou os manifestantes. Largou, inclusive, o filho, Flávio, à própria sorte no tsunami de acusações que vão de lavagem de dinheiro a formação de quadrilha”, acrescentou o jornalista.
Viagens internacionais de presidentes do Brasil costumam ser preparadas com extremo cuidado pelo Itamaraty e o Palácio do Planalto, não apenas no aspecto da segurança como também da negociação das visitas de interesse do líder.
Em geral, há consultas prévias e discussão de possíveis datas, horários e locais, assim como dos temas a serem tocados na conversa. Posteriormente, há confirmação dessa agenda.
A resposta de Ford indica que esses passos não foram tomados pelo governo brasileiro com o tempo devido e que Bush acabou aceitando um pedido enviado às pressas para não constranger o visitante. Pouco antes da chegada de Bolsonaro, as assessorias de imprensa do Palácio do Planalto e do Itamaraty não tinham a confirmação do encontro.
Analistas acreditam que Bolsonaro tentou criar um fato político para desviar a atenção de pautas indigestas, já que sua viagem aos EUA não fazia sentido.
Amizade com Lula
O republicano George W. Bush manteve, em seu período como presidente dos Estados Unidos, uma amizade antes considerada improvável com o então líder brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de sua retórica contrastante com a do petista e dos interesses nem sempre convergentes dos dois países, ambos os líderes se reuniram várias vezes – uma delas, em um churrasco na Granja do Torto, em Brasília em 2005, logo depois de o Brasil, a Argentina e a Venezuela terem enterrado as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em Mar del Plata.
Segundo reportagem da BBC, George W. Bush exibe, à entrada do edifício que abriga seu instituto, em Dallas, dois objetos associados à relação próxima com Lula. São tigelas de cerâmica presenteadas em 2005 pela então primeira-dama brasileira, Marisa Letícia (1950-2017), à então primeira-dama americana, Laura Bush.
Os artefatos — esculpidos pela ceramista brasileira Rosa Maria Piatti e ladeados por outros presentes, como um colar de ouro ofertado pela ex-primeira dama francesa Cécilia Sarkozy — estão expostos em um dos painéis que adornam o hall de entrada do George W. Bush Presidential Center, prédio que abriga um museu e uma biblioteca do ex-presidente.
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