Professores e alunos UFMT- Campus Rondonópolis ocupam as ruas em protesto contra a Reforma da Previdência e em defesa da educação pública
Talita L. Tavares*, Pragmatismo Político
Um número expressivo de estudantes e docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus de Rondonópolis (UFMT-ROO) foi às ruas nesta quarta-feira (15) em manifestação contra o projeto genocida posto em curso pelo governo Bolsonaro. Estiveram presentes representantes da UNE, ANDES-SN, DCE da UMFT-ROO, além daqueles/as que integraram a Comissão de Mobilização para o protesto. @s manifestantes se concentraram na Praça Brasil – Rondonópolis (MT), ao longo de todo o período da manhã, em movimento pacífico, com vozes entoando coro contra o bloqueio de verbas do orçamento 2019 na área da Educação e contra a Reforma da Previdência proposta pelo Governo.
Após a concentração, seguiram caminhada, tomando as ruas do centro da cidade com ação em defesa de garantias constitucionais e, obstruindo ruas com uso de faixas e cartazes, advogaram a educação e a necessidade de investimento no setor como instrumento para emancipação do povo explorado pelo capital, excluído pela LGBTQIfobia e pelo preconceito racial institucionalizado no país.
Em tese, defenderam a inconstitucionalidade das condições que levarão ao inevitável sucateamento da universidade, num tempo em que o Art. 23 (CF.88) afirma ser de “competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (…) V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação”. E o ‘bloqueio’ orçamentário do Governo Federal extingue qualquer possibilidade de provimento adequado desses meios.
Defenderam, concomitantemente, a garantia de aposentadoria (Art. 7º, CF. 88) digna, que prescinda de previdência privada, que não tenha que recorrer a esta para sobreviver ao impacto da lógica neoliberal, quando do esgotamento produtivo da força de trabalho humana. Havia um entendimento partilhado, como subtexto de cartazes contra a Reforma da Previdência estendidos na Praça Brasil e nas ruas do centro da cidade, de que é mentira do Governo, de que é falaciosa a ideia de que o incentivo à previdência privada seja em benefício do povo e para equilíbrio das contas do Estado.
O povo, em sua maioria, é pobre. E, se mal há recurso suficiente para quitação de suas contas mensais, é muito (!) óbvio que não lhe sobra dinheiro para pagar previdência privada em bancos, sendo igualmente verdadeiro que se trata de projeto genocida, sim, mas ‘seletivamente’ genocida, pois que toda a mecânica opera em prejuízo, sobretudo, da população pobre, negr@ e trans.
Fez, portanto, todo sentido que o movimento político de estudantes e docentes da UFMT-ROO nas ruas, no dia de hoje, tenha denunciado, junto às reivindicações pelo desbloqueio do percentual orçamentário da educação, a perversidade da Reforma da Previdência. É, de fato, um escárnio que se coloque à serviço do capital pessoas que não serão amparadas por um Estado que reforça a mesma estrutura de exploração que as vitimiza, pessoas que não terão direito à vida, num tempo em que não terão lugar fora da situação de duplo perecimento: perecimento por desamparo estatal e por impossibilidade de, diante do desamparo, valerem-se da força de trabalho que, com o avanço da idade, vai sendo descartada pelo mercado.
Não à toa, o movimento político da UFMT-ROO na paralisação de 15 maio, deixou, com razão, clara mensagem. De que, se o governo insistir em medidas que aprofundem o apartheid social de raça, classe e gênero pela obstrução da possibilidade de mobilidade social através do acesso à educação de qualidade e impossibilidade de digna aposentadoria, o povo está preparado, organizado e com força suficiente para ocupar as ruas do país!
*Talita L. Tavares é professora do Curso do Psicologia (UFMT-ROO)
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook