Vídeo: Assim como Bolsonaro faz agora, ex-presidente Fernando Collor também convocou seus apoiadores a saírem às ruas de verde e amarelo, em um domingo, para defender o seu governo. Deu no que deu
Em 1992, assolado por denúncias de corrupção e mantendo uma frágil relação com o Congresso Nacional, o ex-presidente Fernando Collor fez uma convocação para que seus apoiadores fossem às ruas defender o seu governo.
Collor pediu para que todos usassem roupas verde e amarelo: “Vamos mostrar as cores que animam o nosso espírito. Mostrar as cores que balançam o nosso coração”, bradou, com entusiasmo característico.
Envergonhadas, poucas pessoas aderiram ao chamado, marcado para um domingo, 7 de setembro, e os atos não obtiveram sucesso popular. Por outro lado, os opositores do ex-presidente encheram as ruas.
Deu no que deu. Fernando Collor cairia três meses depois daquele discurso enérgico. Seu vice, Itamar Franco, assumiu a Presidência da República.
VÍDEO:
27 anos depois daquele dia, Jair Bolsonaro segue os mesmos passos de Collor. Com um governo também atolado em denúncias de corrupção, o atual presidente pretende colocar gente de verde e amarelo nas ruas no próximo domingo (26).
Bolsonaro parece baqueado por conta das investigações que estão desnudando os esquemas do seu filho, Flávio Bolsonaro, o ‘zero um’. O fato de milhões de pessoas terem ido às ruas contra as tesouradas na educação na última quarta-feira (15) também atormentam o presidente.
Além disso, a situação econômica do país é trágica e não há boas perspectivas de futuro. Nesta segunda-feira (20), o mercado reduziu pela 12ª vez as projeções de crescimento do PIB.
Como Collor, o atual mandatário também não goza de boa relação com o Congresso Nacional. A sua própria base vive em constante conflito e não se envergonha de fazer isso publicamente.
Grupos que encabeçaram as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff rechaçaram participar do ato pró-Bolsonaro no próximo domingo. “Não faz sentido”, disse Kim Kataguiri, líder do MBL.
Janaína Paschoal, deputada pelo partido de Bolsonaro, farejou o perigo do cenário que se avizinha: “Pelo amor de Deus, parem as convocações.”
O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, não confirmou se Bolsonaro participará dos atos pessoalmente. O presidente, no entanto, já fez discursos enaltecendo os organizadores das manifestações de domingo e os encorajou.
O jogo é mais do que arriscado. As ruas não precisam estar vazias no próximo dia 26 para que Bolsonaro saia ainda mais fragilizado, basta que as manifestações sejam menores dos que os protestos contra o governo do dia 15.
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