MBL admite que manifestações de quarta-feira foram imponentes
MBL afirma que os cortes do Ministério da Educação “atingem bolsonaristas, petistas e quem não se interessa por política” e admite que a manifestação desta quarta-feira foi histórica: “O governo não pode continuar errando na política como está fazendo hoje”
O Movimento Brasil Livre (MBL) admitiu que foram imponentes as manifestações de estudantes e professores contra os cortes na educação anunciados pelo governo Bolsonaro.
“O resultado dos cortes na educação é esse. A esquerda não tem isso de militância, mas fizeram a maior manifestação em anos mesmo sem imposto sindical, patrocínio a MST, etc. O governo não pode continuar errando na política como está fazendo hoje”, diz uma publicação da página no Twitter.
O MBL criticou o “papo de balbúrdia” do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e afirma também que os cortes do MEC “atingem bolsonaristas, petistas e quem não se interessa por política”. Por isso, argumenta o movimento, “cada passo de um governo tem que ser explicado para todos”.
Além de se manifestar através de sua página oficial no Twitter, o MBL também se manifestou pela voz de um de seus fundadores, Renan Santos. Em texto publicado no site do grupo, Renan diz que “errou” sobre suas expectativas em torno das manifestações.
“Publiquei na última terça feira um texto em que afirmava que as manifestações desta quarta seriam caricatas. Pois bem. Eu subestimei o tamanho da indignação. A manifestação foi grande. Muito grande. Nada comparado ao que fizemos em 2015 e 16. Mas foi substancial, tinha pauta ancorada no mundo real, e o melhor: tinha gente de verdade”, afirmou Renan.
“Sim, estudantes normais e comunidade acadêmica tomaram parte no ato. Gente que ralou durante um ano pra passar no vestibular e, ao entrar na faculdade, descobre que não haverá eletricidade; gente que perdeu sua bolsa de pesquisa. Gente de verdade, que eventualmente saiu conosco às ruas contra Dilma e está puta com a forma como parte importante de sua vida foi tratada pelo governo”, observou o fundador do MBL.
Em 2016, o MBL foi um dos principais movimentos engajados na convocação de protestos contra a gestão da então presidente Dilma Rousseff. À época, os manifestantes pediam a destituição da petista e exaltavam a atuação de Sergio Moro.
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Pablo Ortellado, analista político e coordenador do debate político do meio digital resumiu a repercussão das manifestações de ontem da seguinte maneira:
Ao contrário do que disseram os sites de direita, as manifestações foram muito pouco partidárias. As centrais sindicais e os partidos de esquerda estiveram lá, sem dúvida, mas ficaram diluídos numa multidão de estudantes e professores automotivados em defesa da educação. A estética dos carros de som e dos balões dos sindicatos também ficou diluída na proliferação de cartazes não padronizados, tão característica do espírito auto-organizativo de 2013. As declarações do presidente e dos militantes de direita que tentaram descaracterizar uma mobilização ampla e transversal como se fosse pequena e motivada por interesses partidários escusos tem tudo para sair pela culatra. Isso aconteceu com os protestos anti-Dilma de 2015-2016 que a esquerda tentou desqualificar como se fossem de direita, num momento em que mobilizavam gente predominantemente sem identidade política (ainda que convocada por organizações de direita). O resultado desta desqualificação contribuiu para a persistência da mobilização e o recrudescimento do sentimento antipetista. Se os protestos de ontem não se resumirem a um só episódio, pode ser que o mesmo aconteça aqui, com os papéis políticos invertidos. Quando o alcance de uma mobilização ultrapassa os círculos militantes, chegando às pessoas comuns, desqualificá-la politicamente é uma atitude perigosa.
As principais imagens das manifestações desta quarta-feira podem ser vistas aqui.