Mulher atacada com ácido pelo ex-marido não resiste aos ferimentos
Depois de 14 dias internada em estado grave, mulher atacada com ácido pelo ex-marido não resiste aos ferimentos. Familiares estão abalados com a brutalidade do feminicídio. Crime foi gravado por câmeras de segurança. Eles deixam uma filha de 13 anos
Cácia Regina Pereira da Silva, de 47 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (9) depois de passar 14 dias internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília (DF).
A mulher apresentava queimaduras de terceiro grau no rosto, no tórax e nas pernas. Ela foi atacada no dia 25 de abril pelo ex-marido, que não aceitava o fim da separação.
Durante a internação, um procedimento de reconstrução do rosto da vítima chegou a ser adiado em função do seu delicado estado de saúde.
Na quarta-feira (8), os rins de Cácia deram sinais de falha no funcionamento. Como o ácido alcançou os ossos, ela teve infecção generalizada, o que causou a morte.
Câmeras de segurança registraram o momento em que o ex-marido Júlio César dos Santos, de 55 anos, entra na casa da ex-mulher. Após jogar ácido sulfúrico nos olhos de Cácia, ele sacou um revólver, mas a arma falhou.
Nas imagens, Cácia sai correndo na rua, em busca de ajuda, após o ataque. Júlio tirou a própria vida depois de agredir a ex-esposa e usou a mesma arma, que não falhou, quando ele apertou o gatilho no ouvido.
Júlio César conseguiu a chave da casa de Cácia e fez uma cópia sem que ninguém soubesse. As câmeras mostram o momento que ele chega ao local e desce do carro duas vezes.
Na primeira, olha se tem alguém em casa. Na segunda, com uma mochila nas costas, onde estaria o ácido, o homem abre o portão da residência.
Júlio e Cácia estavam separados há dez anos, mas o homem nunca aceitou o fim do relacionamento. “Não falei que eu ia te matar um dia? Se você não é minha, não vai ser de mais ninguém”, gritou Júlio durante o ataque.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Júlio apertou o gatilho quatro vezes contra a ex-esposa, mas todos os disparos falharam. A mulher fugiu para um bar e pediu socorro. O SAMU chegou e a levou para o hospital, onde ficou em estado grave até esta quinta-feira.
“É possível ver que, quando ele chega, fica no carro esperando criar coragem”, afirma o delegado Hudson Maldonado. “No último vídeo, com zoom, aparece a mão dele empunhando a arma de fogo”, destacou.
Familiares estão chocados com a brutalidade do feminicídio e dizem que Cácia estava sendo ameaçada há 3 anos. “Ela dizia que achava que ele não tinha coragem de fazer”, disse um parente da vítima.
Os médicos informaram que Cácia, ao chegar no bar em busca de socorro, já apresentava fraturas expostas e perda de cabelo — quadro que revela quão violento e cruel foi o ataque sofrido por ela.
Cácia Regina e Júlio César deixam uma filha de 13 anos.