Repórter acusado de assédio sexual se defende: "Minha vida está em risco"
Repórter acusado de assédio sexual é afastado de emissora e se defende: "Minha vida está em risco". Vítimas vão de estagiárias a mulher grávida
Gérson de Souza, repórter da Rede Record, foi afastado da emissora após ter sido denunciado por assédio sexual por colegas de trabalho. Ao menos 12 mulheres relataram casos de abuso por parte do apresentador do programa “Domingo Espetacular”.
As profissionais registraram boletim de ocorrência em uma delegacia da Zona Oeste de São Paulo e serão ouvidas nesta semana, assim como o jornalista, de 61 anos, que nega as acusações. A polícia instaurou um inquérito nesta segunda-feira (27) para apurar o caso.
As mulheres acusam Gérson de importunar e constranger colegas de trabalho em diversas ocasiões. Em um dos episódios, descreveu uma das profissionais, ela estava trabalhando em seu computador quando Gérson chegou por suas costas, a puxou e beijou a mulher nos lábios sem consentimento.
Em seguida, Gérson teria dito que “roubado é mais gostoso”. A mulher afirma ter ficado constrangida e sem ação. E diz ter sido chamada de “gostosa” e “delícia” várias vezes por Gérson.
Outra mulher que também registrou boletim de ocorrência diz ter passado por situações parecidas. Segundo ela, o jornalista faz costumeiramente comentários sobre suas pernas e decotes.
Uma vez, em uma roda de colegas, contou, Gérson pegou em seu antebraço e disse que ele era “gostoso” pois parecia “a bunda, lisinho, molinho”. Uma terceira colega afirmou ter sofrido constrangimentos similares, que deixavam as vítimas “sem ação”.
Grávida
Segundo as denúncias, Gérson incomodava boa parte das profissionais que trabalhavam à sua volta no Domingo Espetacular. Depoimentos revelam que nem uma mulher grávida escapou dos assédios do jornalista.
Ainda de acordo com os depoimentos, Gérson abordava mulheres de 20 e poucos anos e também as com 40, morenas e loiras, quase todas jornalistas, chefes ou subordinadas. Só poupava as mais velhas e as gordinhas.
Para uma mulher grávida, na faixa dos 30 anos, ele teria dito que seu fetiche era transar com uma gestante. A mulher optou por não depor contra ele, mas seu caso foi relatado à polícia por colegas de trabalho. Uma das vítimas disse ter sido chamada de “putinha”.
“Minha vida está em risco”
Gérson de Souza divulgou uma nota para se manifestar sobre as acusações de assédio sexual sustentadas por 12 profissionais da TV Record.
“Sempre fui um homem que respeita seus colegas, independentemente de seu gênero. Qualquer pessoa que me conhece ou já trabalhou comigo sabe que eu não sou alguém que ofenderia ou deixaria alguém desconfortável. Sou pai de 5 filhas e avô de 4 netas e é essencial para mim que mulheres tenham um ambiente de trabalho seguro”, diz trecho da nota.
“É devastador saber que minha carreira, e vida pessoal, estão em risco pelas informações que circulam na mídia. Sobre as acusações, no momento posso apenas dizer que o que está sendo dito sobre mim não é verdade e que confio no trabalho da polícia para esclarecer os fatos”, finaliza, ao afirmar que só se manifestará novamente através dos seus advogados.
Gérson contratou o badalado escritório de advocacia Cascione Pulino Boulos para se defender das acusações. “Ele aguarda com absoluta disposição ser chamado para prestar depoimentos e poder mostrar sua inocência”, disse um dos advogados do jornalista.