Ministro Sergio Moro trata de temas diversos em entrevista à GloboNews, mas afina ao ser questionado sobre o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente
Sergio Moro foi entrevistado na GloboNews na última quarta-feira (15) e falou fino ao ser questionado sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente.
O ministro da Justiça do governo Bolsonaro respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas, mas esquivou-se na hora de falar a respeito da situação delicada de Flávio.
“Não cabe ficar respondendo a esse tipo de questão. Não estou criticando a pergunta, mas eu acho que não cabe a mim ficar respondendo a essas questões. Acredito que o senador [Flávio Bolsonaro] vai ter plenas condições de esclarecer os fatos”, disse um Moro constrangido.
Flávio já foi convocado quatro vezes pelo Ministério Público a prestar esclarecimentos, mas nunca compareceu. O MP afirma que o senador atua para impedir a continuidade do inquérito.
“O senador Flavio Bolsonaro tem direcionado seus esforços para invocar o foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal ou mesmo tentar interromper as investigações, como o fez junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, fato amplamente noticiado nos meios de comunicação”, diz o órgão.
Documento do Ministério Público do Rio de Janeiro anota que Flávio Bolsonaro (PSL) aplicou R$ 9,4 milhões na aquisição de 19 imóveis. Farejaram-se nas transações indícios de lavagem de dinheiro.
Quando os entrevistadores da GloboNews colocaram em pauta a prisão de Michel Temer, o ex-juiz da Lava Jato sentiu-se mais à vontade e adotou um outro discurso.
“O que eu vi, à distância, nas argumentações das decisões das prisões preventivas [de Michel Temer], somente no aspecto das provas, me pareceu bastante robusto. Infelizmente, muito infelizmente”, destacou Moro.
O jornalista Josias de Souza fez o seguinte comentário sobre os pesos e medidas de Sergio Moro:
No caso de Flávio Bolsonaro, Moro disse coisas definitivas sem definir muito bem as coisas: “Essa questão do senador está com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro […] não está comigo, está em outro lugar”. Absteve-se de recordar que o Coaf, ainda sob seus cuidados, é fornecedor de matéria-prima usada contra Flávio.
Temer frequenta o banco dos réus em seis ações penais. Nenhuma delas está com Moro. Todos os processos estão “em outro lugar”. Mas a localização geográfica não foi obstáculo para que Moro desejasse a Temer um futuro sombrio.
É uma pena que a proximidade impeça Sergio Moro de tratar Flávio Bolsonaro com a mesma objetividade. O ministro declarou a certa altura: “Não vou ser advogado de ninguém.” Bom, muito bom, excelente. Agora só falta advogar em nome do interesse público, aplicando ao filho do presidente a mesma simplicidade: “Se cometeu crimes, tem que responder pelos seus atos.”
MP pede auxílio a Moro
Nesta sexta-feira (17), o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ) solicitou auxílio ao ministério da Justiça, sob o comando de Moro, para obter informações sobre empresa com sede no Panamá que é sócia da pessoa jurídica que adquiriu salas comerciais vendidas por Flávio Bolsonaro na Barra da Tijuca.
De acordo com informações do jornal Valor Econômico, quando apurações criminais evoluem e demandam informações que podem estar disponíveis em outro país, cabe ao ministério da Justiça estabelecer a ponte oficial para a transmissão de dados à investigação.
Até o fechamento deste texto, Sergio Moro ainda não se pronunciou sobre a solicitação do Ministério Público.
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