Deputados bolsonaristas se ausentaram de audiência com Glenn Greenwald na Câmara dos Deputados. Horas depois, alguns apareceram para xingar e tentar intimidar o jornalista. Uma delas foi a deputada Carla Zambelli (PSL), que recebeu resposta indigesta
O jornalista Glenn Greenwald enfrentou tentativas de intimidação de parlamentares partidários do governo Jair Bolsonaro (PSL), em sessão hoje (25) na Câmara dos Deputados, em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Glenn falou sobre o escândalo conhecido como Vaza Jato, que revelou relações promíscuas entre o ministro Sergio Moro e procuradores do Ministério Público que atuavam na Operação Lava Jato.
Na época, Moro era juiz de primeira instância em Curitiba e se empenhou em conduzir a acusação contra Lula, para depois julgá-la, ferindo princípios legais.
No início, a audiência com o jornalista foi marcada pela ausência de deputados da base de apoio do governo, que dá apoio a Moro e a Lava Jato. Já depois de mais de duas horas, três bolsonaristas chegaram.
Eles atacaram Glenn com temas diversos. Disseram que ele era criminoso, deveria ser preso, chamaram de militante, de aliado da Rússia, do Ebay, entre outras.
Por fim, os parlamentares bolsonaristas pediram “provas” do conteúdo, exigiram “áudios que comprovassem” as acusações. Quem cobrou áudios foi a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).
O jornalista, que é norte-americano, vencedor das mais altas honrarias da profissão, como os prêmios Pulitzer e o Esso, respondeu firme, mas calmo para também não errar no português.
“Jornalista não recebe ordem do governo de como se reportar. Não recebe ordem de nenhum partido, muito menos do seu. Jornalistas, em democracia, não entregam material para polícia. Fazemos o que jornalistas fazem em uma democracia. Nós vamos divulgar os áudios, quando estiverem jornalisticamente prontos, e você vai se arrepender muito de ter pedido isso!”
Após a resposta direta de Glenn, Carla Zambelli. se retirou da sala.
VÍDEO:
Outra que atacou Glenn foi a Policial Kátia Sastre (PR-SP). Ela também reforçou que o jornalista deveria ser preso por “divulgar conteúdos de hackers”. Glenn respondeu com muito mais ponderação do que a exaltada ex-policial militar de São Paulo. Infelizmente, ela estava o tempo todo no celular e não escutou devidamente o jornalista.
“Agradeço a deputada do governo, mas ela está no telefone”, reclamou. “Pelo menos ela teve coragem de vir falar na minha cara, ao contrário da grande maioria dos membros do partido que estão escondidos atrás dos computadores. Ela me acusou de ser criminoso, disse que eu deveria sair preso daqui. Mas o que falta no discurso dela? Evidências, uma acusação. Não tem. Tem apenas a tática da intimidação”, completou.
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RBA
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