Vice-líder de Bolsonaro pede deportação de Glenn Greenwald e fechamento do site The Intercept. Parlamentar do PSL reforçou o ataque ao jornalista americano: "Não pense que você é um imortal"
Carlos Jordy (PSL-RJ), vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, atacou o jornalista Glenn Greenwald por ele revelar o conluio entre Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato para condenar investigados de acordo com seus interesses políticos.
Além de sugerir a deportação de Glenn Greenwald, o parlamentar do PSL defendeu o fechamento do site The Intercept — mundialmente reconhecido pela boa prática de jornalismo investigativo.
De acordo com Jordy, o Intercept é parcial e Greenwald é “amigo do ex-presidente Lula”. O parlamentar afirmou ainda que “a liberdade de imprensa não pode estar acima da legalidade e da ordem pública”.
Sobre a deportação de Greenwald, o vice-líder do governo afirma que ela deve ser feita porque o jornalista americano cometeu um crime em parceria com hackers, embora não consiga comprovar a sua tese.
Jordy também fez ameaças diretas ao editor do The Intercept nas redes sociais. “Senhor @ggreenwald, não pense que você é um imortal acima do bem e do mal. Você praticou ativismo jornalístico através de um ato criminoso, o que lhe faz cúmplice”, publicou.
Glenn Greenwald parece não ter se intimidado e rebateu o deputado: “Caro deputado, ameaças como essas dos governos dos EUA, Reino Unido, da CIA, etc. não impediram nossa reportagem do Snowden. Assim como essas [suas] intimidações e ameaças também não funcionarão. A reportagem não vai ser impedida. É melhor aceitar”.
Diante da gravidade dos diálogos revelados pelo Intercept, partidários de Sergio Moro e de Dallagnol têm se dedicado nos últimos dias a tentar macular a imagem de Greenwald — um dos mais premiados jornalistas do planeta.
“Ninguém no Brasil colocou em xeque a competência de Greenwald quando ele revelou, em uma série de reportagens em 2014, que o governo e a sociedade brasileira eram alvos de espionagem dos EUA”, lembra Luis Soares, editor do Pragmatismo Político.
Na época, o jornalista americano recebeu o Prêmio Esso de Reportagem pelos textos acerca do sistema de vigilância virtual dos Estados Unidos em território nacional.
“Neste momento, forçar a mão para desqualificá-lo [Greenwald] significa não somente ir na contramão do jornalismo e da história, mas também uma confissão de culpa”, acrescenta Soares.
Veja o que o The Intercept já revelou até agora:
♦ Parte 1
♦ Parte 2
♦ Parte 3
♦ Parte 4
♦ Parte 5
♦ Parte 6
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