Celso Daniel e EUA: as dúvidas que surgem após os novos diálogos divulgados da Lava Jato
Deltan Dallagnol cita "articulação com americanos" e Sergio Moro manda procurador investigar "caso Celso Daniel". Pedido foi feito ao ex-juiz da Lava Jato por ex-deputada federal do PSDB, que hoje é senadora. Diante dos novos trechos divulgados pelo The Intercept, algumas dúvidas surgem
Nesta quarta-feira (12), o The Intercept divulgou novos trechos dos diálogos que serviram como base das quatro primeiras reportagens publicadas pelo site no último domingo.
As conversas ocorreram de outubro de 2015 a setembro de 2017. “Publicamos apenas os trechos das conversas que basearam as revelações do domingo, agora no seu contexto completo — algo que não cabe numa reportagem. Não se trata das conversas completas entre Moro e Dallagnol ou do grupo FT MPF Curitiba 2, também citado no texto”, alerta o portal.
Nos diálogos, o procurador Deltan Dallagnol chama Sergio Moro de “o cara” e tece diversos elogios à popularidade do ex-juiz. A Constituição diz que a “independência funcional” é um princípio institucional do Ministério Público.
Nas conversas, Dallagnol cobra de Moro uma defesa maior em relação ao pacote de leis conhecido como 10 medidas anticorrupção. As mensagens também detalham um pedido feito a Sergio Moro para ajudar no caso Celso Daniel e falam em “articulação com os americanos”.
A respeito do caso Celso Daniel, Moro encaminha para Dallagnol um pedido que havia recebido da ex-deputada e hoje senadora Mara Gabrilli (PSDB) (imagem acima). “Eu tô com muito medo que aconteça alguma coisa com o publicitário Marcos Valério e nunca iremos desvendar esse mistério [morte de Celso Daniel]. Ontem, ele me procurou pedindo que conversasse com o Rodrigo Janot para reenviar os procuradores do MPF. Me ajuda, o que faço?”, escreveu a senadora para Moro.
Moro pede para Dallagnol averiguar o caso, e o procurador responde que havia falado ‘com Diogo, que checará’ — provavelmente em referência ao procurador Diogo Castor de Mattos, que deixou a Lava Jato em abril de 2019. A senadora Mara Gabrilli está nos Estados Unidos esta semana e ainda não se pronunciou sobre as mensagens vazadas.
O Intercept também divulgou o que seria a resposta de Deltan à suposta pergunta de Moro: “Não é muito tempo sem operação?”. O procurador da Lava Jato, segundo as mensagens transcritas, escreve:
“É sim. O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a do Tacla pelo risco de evasão, mas ela depende de articulação com os americanos.”
“Tacla” é o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán — o homem que Sergio Moro tentou prender, não conseguiu e é considerado o pesadelo do ex-juiz da Lava Jato. Saiba mais:
— “A Odebrecht me ofereceu 15 anos de salário para eu fazer delação”
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— Rosângela Moro abre empresa com amigo acusado de cobrar propina
Mais cedo, o The Intercept cedeu ao jornalista Reinaldo Azevedo, da BandNews FM, trechos de mensagens que revelam que Luiz Fux era um dos contatos de Moro e Dallagnol no STF. Veja:
— Novo diálogo mostra que ministro Luiz Fux estava “fechado” com Sergio Moro e Dallagnol
Por fim, algumas questões surgem diante dos novos trechos divulgados. Por que Dallagnol conversava reservadamente com Fux? Por que Moro disse confiar em Fux? Por que Sergio Moro, a quem caberia apenas julgar, ordena que Dallagnol investigue o pedido da senadora do PSDB sobre o caso do ex-prefeito Celso Daniel (PT)? Por que Dallagnol cita “articulação com americanos” ao tratar do advogado Rodrigo Tacla Durán, que estava na Espanha?
CONFIRA A ÍNTEGRA DO QUE FOI REVELADO ATÉ AGORA:
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— Parte 2
— Parte 3
— Parte 4
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