Para quem estuda Direito Romano não é difícil decifrar a mensagem do General Villas Boas. Ele acredita – ou quer fazer o respeitável público acreditar – que a Lava Jato está acima de qualquer limitação legal ou controle judiciário
Fábio de Oliveira Ribeiro, Jornal GGN
Os líderes de esquerda costumavam dizer que o general Villas Boas era um defensor da democracia, mas ele revelou sua natureza autoritária no exato momento em que ele ameaçou transformar o STF num puxadinho do Exército que ele comandava. Afastado do cargo e aposentado, ele continua usar o Twitter para fazer ameaças de cunho político.
Para quem estuda Direito Romano não é difícil decifrar a mensagem do General Villas Boas. Ele acredita (ou quer fazer o respeitável público acreditar) que a operação Lava Jato está acima de qualquer limitação legal ou controle judiciário. O poder que ela exerce é excepcional e originário e, como tal, inquestionável pelos poderes constituídos. A mensagem dele reforça a tese de indiscutibilidade das decisões proferidas por Sérgio Moro que tem sido difundida pela Rede Globo.
Saiba mais:
Globo tenta proteger Moro e Dallagnol e desvia foco do escândalo
Greenwald cita relações de Moro e Dallagnol com a Globo para os próximos capítulos
A CF/88 prescreve que todo poder emana do povo e organiza seu exercício por intermédio de três corpos públicos distintos e harmônicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e garante a a liberdade de imprensa.
Mas o que nós temos visto desde o começo da Lava Jato é a submissão dos três poderes à agenda política de uma única empresa de comunicação (a Rede Globo). Nosso regime político, que era formalmente republicano, se transformou numa monarquia midiática.
Os juízes não tem mais a obrigação de cumprir e fazer cumprir fielmente a Lei. Eles podem se limitar a homologar por sentença as proclamações jurídicas dos jornalistas regiamente pagos pelo clã Marinho endossadas pelo General Villas Boas.
As reportagens (não deveríamos chamá-las de rePORCAgens?) contra o PT e em favor da Lava Jato funcionam como se fossem “senatus consultum ultimum”. A imprensa cria o “tumultus” e impõe um “iustitium” por meio do qual é suspensa a aplicação da Constituição e do Direito.
Não por acaso o maior defensor da Lava Jato no Judiciário (Luís Barroso) é também advogado da Rede Globo.
Villas Boas e Barroso são Castor e Polux, assim como Sérgio Moro e Deltan Dellagnol podem agir impunemente como se fossem Spurio Melio e Lucius Sergius Catilina.
Não seria melhor o general foca aposentado parar de sabotar a democracia brasileira e aproveitar o resto de sua aposentadoria tentando comandar os netos dele?
Leia também:
Bolsonaro ainda não pretende lançar Sergio Moro às feras
Em qualquer outro país seria um escândalo para o ministro renunciar, diz professor da FGV
Jornalismo brasileiro deveria estar de luto após as revelações de Greenwald
Jair Bolsonaro acerta ao não defender Sergio Moro
10 pontos para entender a gravidade da relação entre Moro e Dallagnol
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook