Sargento da aeronáutica preso com 39kg de cocaína em avião presidencial é mais um "cidadão de bem". Nas redes sociais, Manoel Silva Rodrigues publicava fotos fazendo arminha com as mãos em passeatas pró-Bolsonaro. Ele acompanhou o presidente em outras viagens
Manoel Silva Rodrigues é o nome do militar brasileiro preso em Sevilha, na Espanha, com 39 quilos de cocaína. Ele transportou a droga em um avião presidencial reserva da FAB.
O homem é sargento da aeronáutica e faria a viagem de volta como tripulante no avião do presidente Jair Bolsonaro entre Sevilha e o Brasil. Bolsonaro está no Japão para a reunião do G20.
O sargento já havia acompanhado Bolsonaro em outra viagem, de Brasília a São Paulo, no dia 27 de fevereiro. Na ocasião, a agenda oficial da Presidência consta que Bolsonaro foi realizar exames médicos na capital paulista.
Informações do Portal da Transparência mostram que Manoel Silva Rodrigues foi reembolsado em R$ 201 por despesa de viagem em 27 de fevereiro, sob a seguinte justificativa:
SC – 01.52 TRANSPORTE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
No Twitter, Jair Bolsonaro disse que a prisão do militar na Espanha “não tem relação com sua equipe”. Mas o Comando da Aeronáutica divulgou nota dizendo que o “sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial”.
O governo tem demonstrado desconforto com o episódio e divulgou diferentes versões sobre a participação do militar na viagem de Bolsonaro ao Japão – que tinha escala prevista em Sevilha, repentinamente mudada para Lisboa.
Primeiro, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que o militar integraria a equipe do voo no retorno de Bolsonaro para o Brasil. Depois, Bolsonaro e Mourão passaram a dizer que o sargento não tinha relação com a equipe presidencial.
Por fim, o Comando da Aeronáutica confirmou que o sargento estava em “missão de apoio à viagem presidencial”, mas não integraria a tripulação da aeronave presidencial.
Ainda segundo o Portal da Transparência, o salário do sargento Manoel Rodrigues é de R$ 7.298. Nas redes sociais, o militar publicava fotos fazendo arminha com as mãos em atos pró-Bolsonaro e se comportava como um militante da moralidade, da ética e dos bons costumes. Seus perfis foram apagados após sua prisão.
Entre 18 e 20 de março, Manoel Rodrigues participou de outra viagem com a comitiva presidencial. O objetivo: “transporte do escalão avançado da Presidência”. Em 24 de maio, o sargento da aeronáutica fez bate-volta de Brasília a Recife, acompanhando Jair Bolsonaro, que passou todo o dia em Pernambuco.
Nesta quarta-feira (26), os senadores Randolfe Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Wetervon Rocha (PDT-MA) apresentaram requerimento para convidar o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado sobre o caso.
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