Corrupção

O Queiroz (ainda) está em alta

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Fabrício José Carlos Queiroz (Imagem: Captura de tela SBT)

Eduardo Vasconcelos*, Pragmatismo Político

Imagine a seguinte situação: Um cidadão é acusado de desviar verba do gabinete do filho do presidente da república (segundo relatório do COAF, “movimentações atípicas”) e depois de uma forte repercussão na imprensa, chamam o mesmo para depor. Só que esse cidadão some alegando questões de saúde. Dias depois é convocado novamente e não comparece utilizando os mesmos motivos. Eis que de repente, não mais do que de repente, o cidadão aparece na televisão dando uma entrevista EXCLUSIVA e com a maior cara de pau desse planeta, diz que compra e vende carros, justificando assim, tais movimentações vultuosas, coisa de milhões por ano.

A investigação segue e novos indícios gravíssimos apontam para um esquema grandioso de desvios de salários de servidores do gabinete do 01, a chamada “rachadinha”. Mas cadê o cidadão para prestar esclarecimentos? (…)

Não demora muito, advogados se apressam para dar explicações e o indivíduo é internado para uma cirurgia emergencial. Parece que estava mesmo doente, no entanto, apesar de uma pressão enorme pedindo a investigação, condução coercitiva e sua prisão, eis que brota nas redes sociais e imprensa, um vídeo curioso gravado de dentro do hospital. O enfermo que deveria estar tenso com a sua cirurgia emergencial e com a opinião pública no seu cangote, aparece sorridente, dançando e cantando junto com a sua família.

E pensa que parou por aí? Tem mais!

Após a cirurgia e internação, apesar do Ministério Público, PF e todo o sistema judiciário saberem aonde ele estava, o citado saiu do hospital lépido e fagueiro sumindo novamente. O melhor vem agora, pasmem! Jornalistas de diversos meios de comunicação foram até o hospital que realizou o procedimento médico no investigado. Constataram que realmente a cirurgia foi feita e as despesas foram pagas pelo próprio ex assessor do agora Senador da república. Mas faltava um detalhe, só recentemente revelado: a despesa de 133 MIL REAIS foi paga em DINHEIRO VIVO! Isso mesmo que você leu! CASH! NO PAU! Uma nota em cima da outra!

E aí você deve estar se perguntando: Mas ninguém do (renomadíssimo) hospital estranhou a forma de pagamento, principalmente vindo de quem veio, e avisou as autoridades? Nenhum membro do ministério público/justiça ou de algum órgão policial poderia ter pedido ao hospital que, assim que o paciente recebesse alta, contactasse os primeiros para evitar uma reincidente fuga do acusado? Os advogados de defesa não deveriam informar aos órgãos competentes o dia da alta de seu cliente? Isso não implicaria em mais credibilidade aos motivos alegados para a ausência aos depoimentos?

Infelizmente, até o presente momento, nenhuma dessas perguntas tem resposta. Aliás, a única coisa que sabemos, passados 5 MESES da sua alta, é que o cidadão em questão, Queiroz para os íntimos, está desaparecido e LIVRE (essa palavra lembra alguma questão polêmica judicial atual?).

Depois a sociedade sugere a falta de coerência, transparência e imparcialidade da justiça e ninguém sabe de onde vem essa “fakenews” absurda, plantada por petralhas comunistas e esquerdopatas.

Fica a pergunta final: A Justiça nesse caso, Demorô ou é DeMoro?

Não sei, mas o Queiroz ainda está em alta …

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*Eduardo Vasconcelos é professor de biologia e ciências, na cidade do Rio de Janeiro, formado pela UFRJ.

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