Redação Pragmatismo
Senado Federal 20/Jun/2019 às 18:05 COMENTÁRIOS
Senado Federal

A informação que Moro omitiu no Senado sobre o grampo de Lula e Dilma

Publicado em 20 Jun, 2019 às 18h05

No Senado Federal, Sergio Moro defendeu a divulgação da conversa telefônica entre os ex-presidentes Lula e Dilma em 2016. No entanto, o ex-juiz ignorou o detalhe que lhe rendeu uma reprimenda pública do então relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, falecido em queda de avião

Sergio Moro CCJ Senado
Sergio Moro na CCJ do Senado

Congresso em Foco

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendeu durante a audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira (19), a divulgação da conversa telefônica entre os ex-presidentes Lula e Dilma em 2016.

A divulgação do áudio em que a então presidente diz ao antecessor que enviaria o ato de nomeação para ele assinar, caso ele precisasse, foi decisiva para a derrubada da nomeação do petista como ministro da Casa Civil.

Segundo o ministro, não há como comparar o episódio com o vazamento dos diálogos dele com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.

“É uma situação absolutamente diferente. Ali havia uma interceptação autorizada legalmente. Pode-se até discutir a decisão, mas havia uma decisão legal”, afirmou.

Moro, no entanto, ignorou o detalhe que lhe rendeu uma reprimenda pública do então relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro Teori Zavascki, falecido em desastre aéreo em janeiro de 2017.

RELEMBRE: Zavascki critica Moro por divulgação dos grampos de Lula e Dilma

A conversa gravada ocorreu às 13h32 de 16 de março de 2016 – duas horas depois de ter se encerrado o prazo para o término das gravações (11h12). O diálogo foi comunicado a Moro por um delegado da Polícia Federal às 15h34 do mesmo dia. Pouco depois, às 16h21, o então juiz levantou o sigilo do conteúdo. Dois dias depois a indicação de Lula à Casa Civil foi derrubada pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes. Menos de um mês depois, em 16 de abril, a Câmara autorizou a abertura de processo de impeachment contra Dilma.

Com o cargo, além de montar a estratégia de defesa da colega de partido, Lula também buscava o foro privilegiado no Supremo, o que retiraria das mãos de Moro as investigações relacionadas ao seu nome.

Na época, o ministro Teori Zavascki repreendeu Moro, argumentando que o ato “comprometeu o direito fundamental à garantia de sigilo, que tem assento constitucional”.

Teori também questionou a falta de “contraditório” na medida do então juiz. Moro alegou, na época, que a divulgação dos áudios obedecia à Constituição, por causa do princípio da publicidade e do interesse público do teor do material. Moro ainda pediu “respeitosas escusas” e alegou que não havia se atentado ao horário da gravação.

RELEMBRE (2): Moro pede desculpas por divulgar grampos ilegais de Lula e Dilma

O então relator da Lava Jato no Supremo rebateu Moro também nesse ponto. “É descabida a invocação do interesse público da divulgação ou a condição de pessoas públicas dos interlocutores atingidos, como se essas autoridades, ou seus interlocutores, estivessem plenamente desprotegidas em sua intimidade e privacidade.”

Em conversa divulgada pelo Intercept, no dia do grampo, Moro questionou o chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, por meio do Telegram, qual era a posição do Ministério Público Federal sobre a divulgação da conversa de Lula e Dilma. Dallagnol respondeu: “abrir” e divulgar o áudio — o que ocorreu nos minutos seguintes. Em outra conversa com o procurador também via Telegram, dias depois, Moro disse não se arrepender do levantamento do sigilo.

Veja o que o The Intercept já revelou até agora:

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS