Justiça

“Aha uhu o Fachin é nosso”, comemorou Deltan Dallagnol

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Após o "In fux we trust", surge o "Aha uhu o Fachin é nosso". Novos diálogos mostram entusiasmo de Dallagnol após encontro com Edson Fachin, ministro do STF

Edson Fachin e Dallagnol (Imagens: Carlos Moura/SCO/STF – Cassiano Rosario/Futura Press)

Novos diálogos revelados pela revista Veja e o site The Intercept Brasil mostram que o procurador Deltan Dallagnol ficou entusiasmado após um encontro com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin.

A mensagem é de 13 de julho de 2015. Naquele dia, Dallagnol comentou com outros procuradores da força-tarefa o resultado da conversa que teve com Fachin.

“Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”, disse o coordenador da força-tarefa na mensagem. Dois anos após esta conversa, Fachin assumiu a relatoria dos casos da Lava Jato depois da morte de Teori Zavascki em um acidente aéreo em janeiro de 2017.

Essa não é a primeira vez que ministros do Supremo aparecem nos diálogos vazados da Lava Jato. O mesmo Deltan relatou em troca de mensagens detalhes de uma conversa em que o ministro Luiz Fux declarou que a força-tarefa da Lava Jato poderia contar com ele “para o que precisar” (relembre aqui).

Deltan disse a um grupo de procuradores: “Caros, conversei com o Fux mais uma vez, hoje. Reservado, é claro: O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori Zavascki fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo.”

Essas declarações sobre Fux foram feitas em abril de 2016, após a aprovação na Câmara dos Deputados da abertura do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Michel Temer assumiu a Presidência em maio daquele ano.

A seguir, Deltan encaminhou o relato também para o então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro. Moro leu a mensagem e disse: “Excelente. In Fux we trust” (’em Fux nós confiamos’).

Inclusão de prova

Em outro trecho dos diálogos reveladas pela Veja nesta sexta-feira (5), Sergio Moro alertou Dallagnol para incluir uma prova que reforçaria a acusação contra pessoas citadas na denúncia que ele estava prestes a aceitar.

Em conversa do dia 28 de abril de 2016, Dallagnol avisa à procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu – Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras.

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Skornicki tornou-se delator na Lava-Jato e confessou que pagou propinas a vários funcionários da estatal, entre eles Eduardo Musa, mencionado por Dallagnol na conversa.

“Laura no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele”, diz o texto literal da mensagem. “Ih, vou ver”, responde a procuradora.

No dia seguinte, o MPF incluiu um comprovante de depósito de 80.000 dólares feito por Skornicki a Musa. Moro aceita a denúncia minutos depois do aditamento e, na sua decisão, menciona o documento que havia pedido. Ou seja: ele claramente ajudou um dos lados do processo a fortalecer sua posição.

VEJA TAMBÉM: Faustão confirma autenticidade após aparecer em diálogos de Moro e Dallagnol

As reportagens

​​​Conversas publicadas pelo site The Intercept Brasil desde o último dia 9 de junho têm relevado a relação próxima entre o então juiz Moro e os procuradores da Lava Jato, entre eles Deltan.

Segundo os diálogos, Moro sugere ao Ministério Público Federal trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobra a realização de novas operações, dá conselhos e pistas e antecipa ao menos uma decisão judicial.

O então juiz, segundo os diálogos, também propõe aos procuradores uma ação contra o que chamou de “showzinho” da defesa do ex-presidente Lula, sugere à força-tarefa melhorar o desempenho de uma procuradora durante interrogatórios e se posiciona contra investigações sobre o ex-presidente FHC na Lava Jato por temer que elas afetassem “alguém cujo apoio é importante”.

Segundo a legislação, é papel do juiz se manter imparcial diante da acusação e da defesa. Juízes que estão de alguma forma comprometidos com uma das partes devem se considerar suspeitos e, portanto, impedidos de julgar a ação. Quando isso acontece, o caso é enviado para outro magistrado.

Nassif analisa novos vazamentos da VEJA:

Veja o que o The Intercept já revelou até agora:

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7