Biótopo de cura
Os biótopos de cura são zonas de energias que vamos tecendo em torno de nós com nossos afetos, nossa aceitação incondicional, nosso servir e que vão se expandindo em sua atração até se tornar uma egrégora.
Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político
Eu escrevo livros, por isso sei todo o mal que eles fazem.
León Tolstoi
O que é veneno?
– Qualquer coisa além do que precisamos é veneno.
Pode ser poder, preguiça, comida, ego, ambição, medo, raiva, ou o que for.
O que é o medo?
– Não aceitação da incerteza.
Se aceitamos a incerteza, ela se torna aventura.
O que é a inveja?
– Não aceitação do bem no outro.
Se aceitamos o bem, se torna inspiração.
O que é raiva?
– Não aceitação do que está além do nosso controle.
Se aceitamos, se torna tolerância.
O que é ódio?
– Não aceitação das pessoas como elas são.
Se aceitamos incondicionalmente, então se torna amor.
Rumi
Vivemos em tempos de guerra. Em tempos assim, tudo e todos te solicitam para o conflito, para o confronto. O ego isola e separa. Recomenda-se que tu entre dentro de ti e destrua o teu ego. Quem vence o ego se torna invencível. Se não puderes agir assim…
Nunca foi tão atual a percepção de Krishnamurti de que não é sinal de boa saúde se acostumar a viver numa sociedade doente. Mas a patologia desse tempo é apenas um murmúrio e se não atentarmos para sua insidiosa penetração no cotidiano, nos amoldamos a sua forma doentia e definhamos como humanos em objetos sencientes.
E a doença que marca nosso tempo é o isolamento do ser. Nos tornamos inimigos do ser e rompemos a fraternidade que nos unia desde tempos ancestrais. Essa separação foi lenta porém insidiosa e pertinaz. Até que finalmente, sem percebermos a ruptura da malha vital, nos desunimos de todos os outros seres que compõem a vida, que é essa energia colaborativa que sempre existiu para o benefício de todos.
A energia vital é inconsútil e alinhava todas as formas de vida num todo omnienglobante capaz de cuidar em reciprocidade sem que com isso precise ocorrer intenção. Um crocodilo é um predador de grandes mamíferos e consome a energia necessária a sua sobrevivência, no entanto em cada postura seus trezentos ovos alimentarão uma quantidade impressionante de espécies de tal sorte que apenas um chegará à idade adulta. Morcegos vampiros da Guatemala precisam se alimentar pelo menos a cada seis dias. Então aqueles que conseguem, trazem uma reserva e alimentam os que não conseguiram encontrar sangue.
A colaboração infesta nosso próprio corpo. Do reino monera, uma quantidade de bactérias são nossas parceiras na ordem de 40% de nosso peso. Se retirássemos do nosso organismo essas colônias, morreríamos. A quantidade de bactérias no intestino de uma pessoa é superior ao total de células de todo o corpo dela.
A trajetória humana na história também foi marcada quase que exclusivamente pela colaboração. Nas tribos e aldeias, ninguém trabalha pra ninguém. Todos colaboram para benefício mútuo. Não teríamos sobrevivido sem esse liame que nos une. Da mesma forma com os outros seres que nos acompanharam ao longo da nossa jornada pela terra, como bisontes, cães, galinhas, peixes.
Mas em algum momento dessa jornada, nos separamos e sobrepujamos tudo a nossa volta, até mesmo a nós mesmos. E fomos nos retirando da teia voluntariamente e nos isolando num casulo de ego protetor. Esse isolamento agora se tornou absoluto, justamente porque parece falso, já que estamos conectados a tudo e todos pelas redes virtuais de afetação. Essa fria camada de lítio que nos liga, no entanto, é apenas a película bem fina do isolamento.
Embora se apresente como um movimento confortável, já que envolto em bens cintilantes, o isolamento é um capital nada simbólico de nossa situação.
A complexidade que evocamos desse tempo é também ela um símbolo, pois está reservada apenas à compreensão comunicativa e não ao abraço sensível dos corpos. A distância é um antídoto à complexidade. Continuamos isolados da vida como seres em casulos de lã. E essa impermeabilidade é a garantia de nossa patologia.
Até onde pudemos, cessamos a colaboração e decretamos o egoísmo. Dizer que os sistemas nos levaram a isso é irrelevante para o resultado de nossa saúde vital. Estamos doentes e sós vagando pelo presente na esperança que no futuro possamos viver de uma forma mais confortável. Essa esperança, contudo, é uma garantia do fracasso de nossa união, numa unção do azeite separador que necessitamos para enfrentar as dificuldades que acreditamos existir diante de nós.
Somos crentes de nossa circunstância. E ela nos diz que a fraternidade ainda prevalece. Que o outro importa. Que amamos. E talvez seja verdade isso, mas as condições que impomos ao contato são pouco generosas. Afinal, há perigo em amar incondicionalmente.
Falamos em deus, mas seu primeiro e único mandamento, “amar ao próximo como a ti mesmo” é uma falácia que não ousamos praticar. O amor incondicional nada mais é que a aceitação plena do outro, com seus defeitos e maravilhas.
O outro está aí pra ser consumido. Ainda que seja com nosso amor a boca que o tragamos pra dentro de nós mesmos, assimilando sua aparência e sua essência. E na gástrica degustação desse assimilar, o que não for interessante, cuspimos sem hesitar. Há outros no banquete disponível de nossa existência. Essa reciprocidade é sobretudo uma forma bem atual de amar. Amamos o igual, pois assim amamos a nós mesmos num espelho cujo vislumbre emite sempre o mesmo rosto, a mesma voz, o mesmo gozo.
Esse gozo gustativo, vegetativo, está nos cardápios de uma vida em que o uso é o que mais importa. Um uso provisório e perpétuo da vida que é aceita como uma energia a ser predada, sem devolução, sem cuidado, sem um afeto que nos defina na simplicidade do existir.
Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto
Como proprietários consolidados da vida, consumimos cada pedaço dela com o descuido dos que tem de sobra.
Podemos nos dar ao luxo de escolher qualquer pedaço, qualquer prato, qualquer vida.
Para nós, da forma que lidamos com a vida, vamos cagar mesmo e depois é só ingerir novamente, nessa falta de propósito e linhagem.
Esse outro que ingerimos num festim antropofágico não nos cai bem todavia. Não há impunidade no consumo diário do outro. O adoecimento é inevitável. E é uma doença do desamor e da solidão que é abandono e nunca encontro de si.
A palavra entusiasmo significa deus dentro de nós. O outro dentro de nós é apenas exaustão e cansaço. Como uma jiboia, esprememos até que a vida lhe escape e depois devolvemos ao ambiente os restos impossíveis de serem digeridos. Dentro fica o suco moral dessa exaustão. Consumimos o outro e assim lhe negamos existência. Ele é o objeto de nosso desejo consumado.
Ao mesmo tempo, vamos nos conscientizando do mal que fazemos aos animais. Deixamos de consumir carne vermelha para o benefício das vacas. Deixamos de cozinhar os alimentos para o benefício das plantas. Deixamos de … o que importa é que tenhamos consciência.
Não mais alienados de nossa condição, finalmente podemos divergir sem odiar. Aceitamos que o outro seja de direita, que seja feminista, que seja infantil. E o acolhemos no seio de nossa generosidade. Nós o perdoamos pela sua peculiar existência. E agora podemos finalmente amar sem pressa. A urgência fica por conta da vida que temos que ganhar, do tempo que dedicamos ao futuro, dos filhos que precisamos orientar.
Mas eis que a vida já foi dada, sem custo ou labor. E essa mesma vida que é parte da vida e que é a vida mesma cercada de energia e de costuras a nos ligar numa grande confraria que se estende ao infinito. Incapazes de sentir isso tudo, minguamos com nosso amor feito pra doar.
Amor é uma palavra impura e gasta. Está marcada pela benevolência e concessão. É uma dádiva que nos preenche e com a qual nos furtamos a amar. O amor não é ter o outro, não é devorar ansiosamente o outro. Não pode ser queimado na pira de nosso egoísmo. O amor é emoção infinita e sentimento que flui sem controle. É o elo comunicante entre todos os seres vivos. Não é uma forma singular de capital mercantil com a qual os seres humanos lidam conscientemente. Pois o amor é a própria vida.
Em sua expansão natural ele envolve, cuida e protege. É capaz de muito simplesmente cultivar um ambiente protetor cauterizado de rupturas e danos. Não necessita de nada pra isso. É sua natureza envolvente que acolhe e nutre.
Os especialistas o chamam de bioma. Um planetário de conexões. O aceitam como possibilidade entre outras formas de vida, menos na nossa. E, no entanto, podemos construir um território de amorosidade se apenas o deixarmos cumprir seus protocolos vitais.
Ele sozinho há de emanar um biótopo de cura em sua expansão. Pois o amor é aceitação em plenitude. Manifesta a energia primordial da vida, desde que não descuidemos dessa aceitação. O que impede o amor de fluir? O pensamento, exclusivamente. O pensamento desfaz os laços de sua incompletude.
Um biótopo de cura é um território de afeto e cuidado natural. Sem a interferência de nossa consciência, ele se forma respeitosamente. E como um território, ele integra até o infinito da vida. É um território de aceitação e plenitude.
Nele, tudo cabe e nada sobra, nada falta tampouco. Ele tem tudo que precisa pra vida cumprir suas maravilhas.
O imperativo da vida é unir. Gaia é sua formulação mais contundente. E para além de gaia, tudo que existe pode e deve juntar-se para o benefício da própria existência que é vida. E é o sentimento que ata a vida. O pensamento, desata.
O pensamento é um repetidor. Reverbera tudo que encontra e divaga. É um poço sem fundo repleto de água fria. As professoras têm punido os alunos faltosos com o cantinho do pensamento. Como cessar o pensamento? Aceitando todas as contingências como atributos do percurso e que entendendo que nada sabemos.
A palavra complexidade é entendida como dificuldade e de fato quer dizer juntar, “fazer junto com o outro”. A palavra desenvolvimento quer dizer “acabar com o envolvimento”. “O primeiro modo de produção de ignorância reside precisamente em atribuir exclusivamente a um modo de conhecimento o monopólio do conhecimento verdadeiro e rigoroso e desprezar todos os outros como variantes de ignorância, quer se trate de opiniões subjetivas, superstições ou atavismos”, segundo Boaventura Sousa Santos o conhecimento também alimenta a separação. É assim que as palavras vão desunindo como alimento do pensamento.
Quantas outras palavras alimentam o pensamento com a desunião? Mais que palavras, valores. O medo da solidão; a inveja da felicidade do outro; a cautela em perder o que se tem. Todo um vasto conjunto de valores que te convidam a competir e nenhum a colaborar, exceto no mundo empresarial, em que a palavra colaboração é mais uma que foi raqueada para enganar, quando substituiu a palavra empregado pela síndrome do desempenho. Colaborar não mais como gesto de união, mas como sinônimo de servidão.
É preciso investir nossa energia no sentimento. A intuição, as emoções, a sensibilidade, o abraço são manifestações do sentimento.
A vida se reproduz e se multiplica sozinha e se cura também sozinha. Autopoiese e homeostase são características desse movimento que marca toda forma de vida. Só o que impede sua consumação é o pensamento. Ele separa o que deve ser juntado.
A cura é a união.
Aproximar e juntar é a função do biótopo de cura, quebrar a separação e forjar a comunhão para um mundo de paz. Pois precisamos nos curar do isolamento e da separação. Essa é a doença da modernidade, a patologia da normalidade.
Como congregar um biótopo de cura? Essa é a questão que mais importa.
De pronto já te digo que quando alguém desperta da ilusão da separação já produz um território de acolhimento e de emanação do movimento inconsútil. Já inicia a costura entre os corpos físicos e etéreos. Esse despertar que é também um grande círculo da afetação, pois a energia que aí vibra é de intensa generosidade sem que com isso se pregue a salvação, principalmente sabendo que é desnecessário qualquer tipo de proselitismo. Emanar energias leves é suficiente para também libertar a todos que estão ao teu encontro e ao teu entorno. O sentimento comunica sem pressa ou resistência. Enquanto a fala aciona o pensamento e protege com uma barreira de preconceito, reforçando a desunião.
Aquele que desperta emana energias leves sem esforço e de modo incondicional. Aceita tudo e todos sem reservas ou festividades. É discreto em sua emanação. O despertar é o silenciar do pensamento e a soberania do sentimento. Sentir apenas. Deixar-se transpassar pelo sentimento que já está em circulação pela vida afora. Enquanto esse sentimento cruza os seres carrega consigo sensações de bem-estar e de simplicidade. Nisso não há defesas levantadas, só permissões. Permissões para o encontro e para o abraço. Não há nenhuma necessidade de reconhecimento ou de gratidão, exceto daquele que desperta para com o cosmos. Ele é só gratidão. Só aceitação. Nenhum reconhecimento. Não carece de reconhecimento já que não se dá importância. Diluiu-se nas correntes de vida como uma energia tranquila e fugaz. Seus gestos são suaves e delicados como uma brisa passageira. Tornou-se para si mesmo invisível.
Ao manifestar essa condição, cria uma zona de indiscernimento que congrega a vida, um biótopo. Toda energia vital será para ali atraída sutilmente. E ao entrar em contato com outras energias vitais, vai se interpenetrando e se autorregulando e se costurando até desaparecer a costura e plasmar a homeostase. Essa ligação suave é forte o suficiente para uma condição de completude. A cura se dá pela união, pela junção, pela complementaridade que já não deixa entrever os corpos físicos e etéreos, senão a vibração energética da conjunção. As barreiras da separação se desfazem e a energia flui sem constrangimentos.
E essa virtuosa consideração constitui o biótopo de cura. Todos que entrarem em contato com essa zona sentirão os benefícios e podem ou não permanecer sob a influência de seus efeitos.
Consideração contém a palavra latina sidera, sideral, estrela. O biótopo de cura é todo um universo de cuidado e afeto. Uma estrela cintilante em meio ao nevrálgico sintoma da doença da desumanidade, da separação dos seres ordinários e convencionais.
Por isso mesmo nada no biótopo é permanente. Tudo é provisório, pois a teia da vida é tecida de encontros e desencontros, de passagens e afastamentos. Cada um fica o tempo suficiente para se reabastecer de energias. Não há por que esperar vínculos permanentes. Só tu pode estabelecer teu equilíbrio o quanto puder, pois as energias em ti ficam em estado de movimentos autopoiéticos e homeostáticos. Vibram para que tu permaneça ligado à vasta teia vital. Os transeuntes passarão por ti sempre com generosas doses de conexão. É tudo o que podes esperar das conexões, que elas sejam, simplesmente. Tangências que a vida nos presenteia. Sem reciprocidade, contudo. É uma passagem apenas.
O biótopo de cura é um território que te envolve quando tu só emana energias leves e vai contigo onde tu for. Os encontros pela vida fortalecem mas são provisórios, pois tudo é passageiro e inconstante.
Outra condição para a geração de um biótopo de cura é o mais importante elemento para o sistema: o tempo. Diga-se que o sistema é gerador de sofrimento, seu corolário. Ele faz isso tomando o bem mais precioso da vida, que é o tempo de vida de seu usuário.
Há muito tempo percebi isso e nunca me surpreendi que ao negar oferecer em tributo o tempo que tinha disponível pra mim, o sistema não tinha como retomá-lo.
Ele negocia o tempo nosso de cada dia ofertando promessas de sucesso, de reconhecimento, de dinheiro. As pessoas vão entregando seu tempo em troca desses valores e entregam tudo, todo o tempo, sem nada pra si.
Abrir mão desses valores, portanto, é o preço que pagamos pra ter nosso tempo livre pra nós mesmos. E então podemos fazer o que quisermos com essa reserva de tempo, inclusive e principalmente nada. Não se trata aqui do ócio criativo de que nos fala Demasio. É um tempo inútil esse a que me refiro. Fui usando o meu tempo para um doce far niente. Não fazer nada é surpreendente. E com o tempo, fui aprendendo sem perceber a contemplar a vida. Um observador descuidado que passeia pela vida. E então uma mágica começou a acontecer: o pensamento tão impositivo, tão permanente, tão gerador de ambição ou culpa foi silenciando diante da contemplação e cada coisa que via se tornava grandiosa. Uma folha que cai, um pássaro gritando presença, um vento nada aragano. Uma senhor que passa introspectivo, enfim, a observação assumiu completamente a primazia do meu corpo inteiro.
E ao mesmo tempo que me inundava do meu próprio tempo, as dádivas começaram a vir a mim, novas oportunidades de angariar mais tempo, deixando ao sistema uma quantidade tão pequena que podia fazer dela também um momento de conexão e alegria com meus semelhantes. Deixei até de procrastinar, já que então o tempo que tomei sobrava. Me tornei o mais rico dos humanos. Sempre dizia algo como “para o homem que tem tudo”, pois era assim que me sentia. O tempo é tudo no fim das contas.
“A gente fica esperando que a alegria haverá de chegar depois da formatura, do casamento, do nascimento, da viagem, da promoção, da loteria, da eleição, da casa nova, da separação, da aposentadoria…e ela não chega porque a alegria não mora no futuro, mas só no agora” (Rubem Alves).
Uma aura necessária ao biótopo de cura é a energia que o tempo resgatado ao sistema seja generosa. Ninguém que não tenha tempo pra si e para os seus estará isento de doenças, pois o tempo exíguo separa as pessoas e manifesta uma leucemização do ser que vai sendo esvaziado de sua humanidade, desidratado de seu amor.
Outro fator importante para que o biótopo se torne um espaço de cura é a servidão voluntária. Devemos usar todo o tempo de contato com nossos semelhantes para servi-lo. Isso não significa que ele precisa saber de nossa servidão. É um movimento interno daqueles que decidem servir ao humano, à vida, e não ao poder que, com sua pertinaz usurpação de nosso tempo nos torna servidores de seus desígnios em troca daqueles valores mencionados. Servir ao humano, à vida, é uma sensação extraordinária. Saber que o que estamos fazendo é para o benefício dele produz um efeito em nós absolutamente restaurador. Fica claro que vencemos as imposições do sistema. Fazemos a mesma coisa que ele exige de nós, mas agora com um direcionamento íntimo que é parte de nossas escolhas, de nossa heresia, de nossa íntima libertação.
Portanto o resgate do tempo e a servidão voluntária que devotamos ao humano são dois fundamentos do biótopo de cura. Assim como a aceitação plena da humanidade de nossos semelhantes é condição para sua emergência. É dessa forma que vamos nos ligando a tudo que vive e vamos negando a separação ocasional que danifica e adoece os seres desse tempo.
Esses procedimentos singelos nos convidam para um banquete. Segundo Robert Stevenson, “todo mundo, mais cedo ou mais tarde, senta-se para um banquete de consequências”. Ignorá-los também.
Religar os viventes, a começar pelos humanos, essa palavra que anseia por religião, e aqui a religião que é religação, sempre a juntar as gentes, bichos, plantas até reconhecer que somos legião diante do mistério da vida e que nossa individualidade é ilusória e voluntária.
Os biótopos de cura são zonas de energias que vamos tecendo em torno de nós com nossos afetos, nossa aceitação incondicional, nosso servir e que vão se expandindo em sua atração até se tornar uma egrégora.
*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e permacultor.