"São centenas de milhões de reais em recursos públicos. Tudo de uma tacada só. Nunca antes na história deste país houve um tão explícito 'toma lá, dá cá' entre um governo e deputados. Compra de votos na veia", observa jornalista
Um dia antes do início da votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) liberou R$ 1,135 bilhão em emendas parlamentares.
O desembolso de dinheiro público está em 37 portarias publicadas em edição extra do “Diário Oficial da União” de segunda-feira (8).
Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, só nos primeiros cinco dias de julho foram empenhados R$ 2,551 bilhões em emendas.
O valor dos cinco primeiros dias de julho é superior ao empenhado durante todo o primeiro semestre de 2019. De janeiro a junho o valor das emendas impositivas empenhadas foi de R$ 1,773 bilhão.
Segundo Gil Castelo Branco, secretário-geral da Contas Abertas, o valor liberado por Jair Bolsonaro chega a ser superior ao empenhado em julho de 2017 em meio às denúncias apresentadas contra o ex-presidente Michel Temer.
Naquela época, os deputados rejeitaram o pedido de impeachment de Temer após a liberação de recursos.
“Esse é o idioma das conversas entre o Executivo e o Legislativo. Os governos liberam as emendas estrategicamente às vésperas de votações importantes. Sempre foi assim, e agora não parece diferente”, afirmou Castelo Branco.
O jornalista Fernando Brito foi mais claro. “São quase 500 liberações de verbas. São centenas de milhões, tudo de uma tacada só. Essa é a conta para aprovar a Reforma da Previdência. Nunca antes na história deste país houve um tão explícito ‘toma lá, dá cá’ entre um governo e deputados Compra de votos na veia”, disse Brito.
Ricardo Noblat, também jornalista, ironizou: “Era assim no tempo da Velha Política. No tempo da ‘Nova Política’, inaugurada por Jair Bolsonaro há apenas seis meses, continua do mesmo jeito. Parece que a nova política envelheceu precocemente”.
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