Justiça

“Aqueles que sabem demais às vezes se vão”, diz Edson Fachin

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Em novo discurso, Edson Fachin tenta se afastar de Moro e Dallagnol e presta homenagem a Teori Zavascki, ex-relator da Lava Jato no STF morto em acidente aéreo. Filho de Teori continua acreditando na possibilidade de homicídio

Avião que levava Teori Zavascki caiu em Paraty (RJ) (Reprodução)

Viomundo

Em discurso na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em Curitiba, o ministro-relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, tentou se afastar do ministro Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallagnol.

Numa das mensagens vazadas pelo Intercept Brasil, divulgada pela revista Veja, Deltan escreveu aos colegas, logo depois de audiência com Fachin: “Aha uhu o Fachin é nosso”.

Teori Zavascki, como se sabe, travou uma batalha surda nos bastidores com o juiz Sérgio Moro, a quem chegou a criticar obliquamente num discurso público.

Segundo as mensagens reveladas até agora, Moro atuou para manter em Curitiba, sob sua tutela, casos que eram da alçada do STF, além de orientar a delegada da Polícia Federal Érika Marena a “segurar” informações destinadas à Corte.

Quando Moro assumiu o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro, Marena foi convocada para assessorá-lo.

Em sua fala no TRE-PR, Fachin foi claro: “Juiz algum tem uma Constituição para chamar de sua. Juiz algum tem a prerrogativa de fazer de seu ofício uma agenda pessoal ou ideológica. Se o fizer, há de submeter-se ao escrutínio da verificação.”

O mais curioso no discurso, no entanto, foi o tom da homenagem que Fachin fez ao colega que o antecedeu na relatoria da Lava Jato, Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo em janeiro de 2017, em Angra dos Reis.

Teori foi comparado a Sérgio Vieira de Mello, funcionário brasileiro da ONU (Organização das Nações Unidas) que pregou a paz, mas morreu num atentado a bomba em Bagdá, Iraque, em 2003.

“Vieira de Mello sabia demais”, afirmou Fachin, após citar as reuniões que o brasileiro manteve com líderes mundiais em busca da paz no Iraque. “Aqueles que sabem demais às vezes se vão. O destino foi cruel com o ministro Teori Zavascki.”

O filho de Zavascki, Francisco, que é advogado, relatou em redes sociais que o pai vinha recebendo ameaças e, um ano depois da morte de Teori, continuava acreditando na possibilidade de homicídio.

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