"C*, deu branco". Vídeo de Eduardo Bolsonaro tentando falar inglês circula em grupos internos do Itamaraty e funcionários de carreira ironizam possível nomeação do filho do presidente para ser embaixador nos EUA
O presidente Jair Bolsonaro sinalizou inúmeras vezes ao longo dos últimos dias que pretende indicar o seu filho Eduardo Bolsonaro para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
A eventual nomeação do ‘zero três’ tem sido motivo de preocupação e piadas em grupos internos de funcionários de carreira do Itamaraty, segundo o jornalista Matheus Leitão.
Assistentes e oficiais de chancelaria do Itamaraty se dizem preocupados com os outros “candidatos” ao posto que foram preteridos após a sinalização do presidente em dar o cargo mais importante da diplomacia brasileira no exterior para o filho.
“Gente, e os que estavam fazendo ‘campanha’ pro cargo? Eu acho tudo tão surreal que só rindo”, disse um dos participantes do grupo reservado. “Cara, o Eduardo Boolsonaro deu entrevista agora e tá com cara que vai rolar mesmo. HELP”, emendou outro participante.
Os funcionários do Itamaraty acreditam que teria sido, no mínimo, uma indelicadeza com Nestor Foster e Pedro Borio a divulgação do nome de Eduardo Bolsonaro para o cargo, além da quebra de protocolo de divulgar o nome sem o acerto prévio com os Estados Unidos.
Nos grupos, fez sucesso um vídeo do filho do presidente escorregando no inglês. As imagens contestam o “inglês fluente” que Eduardo Bolsonaro garante ter:
Hambúrguer
Além de dominar o inglês, Eduardo Bolsonaro disse na última semana que já “fritou hambúrguer” nos EUA. A intenção do deputado era transmitir a ideia de que já vivenciou experiências naquele país e, por isso, estaria gabaritado para assumir um cargo tão importante. Naturalmente, a justificativa também virou motivo de chacota.
“Eu adorei o sujeito falando das próprias qualificações. Além de falar inglês, ele fritou muito hambúrguer em uma lanchonete no Manine”, ironizou um outro funcionário do Itamaraty.
Para o jornalista Josias de Souza, os filhos do presidente distanciam o pai do discurso ético e moralista que o elegeu para o cargo mais alto da nação. “A filhocracia que se estabeleceu sob Jair Bolsonaro vai deixando o presidente sem nexo.”
Ironia
Até mesmo Danilo Gentili, aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, tripudiou da indicação e do inglês de Eduardo Bolsonaro. “Confesso que é estranho. Parece nepotismo um presidente nomear um filho para embaixador fora do Brasil. Por outro lado é bom, porque é um Bolsonaro a menos para atrapalhar o governo”, ironizou o apresentador.
Gentili continuou: “O que mais gostei é que o Eduardo disse que está apto para ser embaixador porque o inglês dele é fluente. Se ele assumir, pelo menos poderei dizer que meu inglês é ‘nível embaixador do Brasil’. Já poderei colocar no meu currículo”.
“Mas agora falando sério. Eduardo Bolsonaro é péssimo falando inglês. Ele falando inglês parece até o pai dele falando português. É uma coisa…”, finalizou.
Ernesto Araújo
Nesta terça-feira (16), o ministro Ernesto Araújo disse que não há “plano B” para substituir o nome de Eduardo Bolsonaro e garantiu que os EUA concordam com a indicação. “Eles já deram todos os sinais de que seria uma ideia bem-vinda”.
Considerado um dos “olavistas” no governo Bolsonaro, Ernesto Araújo trabalhava na embaixada brasileira em Washington até ser indicado para a chefia do Ministério de Relações Exteriores. Apesar de ser elegível para o cargo, ele nunca chegou a ser alçado a embaixador.
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