"Hacker" preso pela PF estava com Twitter 'adormecido' desde 2011
Filiado ao DEM, "hacker" preso pela Polícia Federal não postava no Twitter há oito anos. Em seu retorno, passou a compartilhar textos de páginas consideradas de esquerda. Internautas veem armação: "Artificial demais. A PF poderia ter feito um trabalho de teatro melhor"
Pragmatismo Político — Walter Delgatti Neto (imagem acima) é apontado pela Polícia Federal como um dos responsáveis por “hackear” os celulares do ministro Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol.
O nome de Walter Delgatti Neto consta como filiado ao DEM — partido da base de sustentação do governo Bolsonaro que tem Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, como principal representante no Planalto.
Delgatti tem 30 anos e já foi preso e condenado por receptação, falsificação de documentos e porte ilegal de arma. Ele também é investigado por vários crimes de estelionato.
Segundo a Polícia Federal, o apelido de Delgatti é “vermelho”. Ele estava ausente do Twitter desde 2011, mas retornou no último dia 27 de maio de 2019 compartilhando e curtindo textos de páginas consideradas de esquerda.
O site ‘Antagonista’, porta-voz de Sergio Moro, alega que as características desse retorno repentino são a prova de que Delgatti está envolvido no escândalo da Lava Jato. No entanto, algumas pessoas pensam justamente o contrário.
“Essa volta ao Twitter depois de oito anos e só com conteúdo de esquerda, e um tweet antigo declarando apoio a José Serra. Bem estranho, não?”, questionou uma internauta.
“Volta justamente na onda da #VazaJato? Tão natural quanto a luz do dia. A PF poderia ter feito um trabalho de teatro melhor”, observou outro.
“Sério? Que hacker usa conta oficial com a própria foto? Não conseguiram bolar nada melhor que isso?
Cadê a imaginação, gente? Nem todo mundo é burro pra cair nessa”, escreveu mais um.
“Que coincidência, o cara ficou 8 anos sem entrar no twitter e de repente volta e só reposta coisa de esquerda (coisa que nunca tinha feito até então). Aê @policiafederal, tá na hora de contratar um roteirista melhor, né? Que essa história ai não engana ninguém”, publicou outro.
Os próprios leitores do site ‘O Antagonista’ estão incrédulos. “Acreditar nesse pé de chinelo é como acreditar em um falsário passando dicas de como comprovar a legitimidade das cédulas que ele mesmo falsificou. Piada”, postou um leitor. “Tomara que a Polícia tenha acertado nessa, mas não sei, estou achando meio pé de chinelo”, acrescentou outra.
Entenda o caso
A Polícia Federal informou que prendeu nesta terça-feira (23) quatro suspeitos de terem invadido os celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.
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Os mandados de prisão foram expedidos no âmbito da “Operação Spoofin”, nome que faz referência a falsificações tecnológicas para enganar redes de computadores.
Essas prisões ocorrem depois de vazamentos de diálogos entre Moro e Dallagnol, e também entre outros procuradores da operação Lava Jato, que vêm sendo divulgados pelo site The Intercept desde 9 de junho.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a investigação da PF que levou às prisões “ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo sob investigação em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil”.
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