Irmã mais nova diz que Paulo Henrique Amorim era seu herói, muito íntegro, corajoso e generoso. Ela conta que o jornalista já enfrentou inúmeras situações adversas, mas que dessa vez a pressão política foi grande demais
O velório de Paulo Henrique Amorim, 76, aconteceu durante todo o dia e entrou pela tarde nesta quinta-feira (11) na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no centro do Rio de Janeiro.
Muitos amigos e admiradores estiveram no local para dar o último adeus ao dono do bordão ‘Olá, tudo bem?’. Paulo Henrique também popularizou o termo ‘PIG’ — Partido da Imprensa Golpista.
A irmã do jornalista, Marília Amorim, que mora na França, chegou ao Brasil para se despedir de PHA e deu um depoimento emocionada.
“A gente se adorava. Ele era meu irmão mais velho. Éramos três, minha irmã também já faleceu. Ele era meu herói, uma pessoa muito corajosa, extremamente generoso. Corajoso no embate dele de não abrir mão das ideias dele, do que ele achava que tinha que ser dito, revelado, mostrado. Uma pessoa muito íntegra nas convicções e no trabalho. Adorava trabalhar”, disse Marília.
Marília contou que o irmão já havia perdido outros espaços na imprensa por conta de “pressão política”, mas que dessa vez o baque foi maior.
“Falamos pouco porque eu estava na França. Ele teve vários casos de perder o lugar dele por pressão política. Ele escreveu pra mim e falou ‘não se preocupe não, você sabe que eu tive isso várias vezes e que eu aguento o tranco'”, revelou Marília, ao falar do recente afastamento de PHA da TV Record.
“Me lembro que na Band ele tinha dois programas e havia acabado de receber dois prêmios; um era o jornal das 20h e outro era um programa de debates, de entrevistas. Poucos dias depois do prêmio, ele perdeu o programa por pressão do [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso. Ele já conhecia isso, mas claro que sempre é um baque forte. Parece que dessa vez foi demais e ele não aguentou”, acrescentou Marília.
Nesta quarta-feira, três jornalistas que se manifestaram sobre a morte de Paulo Henrique Amorim concluíram que seu falecimento não foi obra do acaso (relembre aqui).
“Paulo Henrique Amorim parte num momento péssimo. E provavelmente vítima dele e dos canalhas que o perseguiam. Ele foi o jornalista mais processado deste período digital. Na maioria das vezes por criminosos que não aceitavam que aquele baixinho carioca berrasse em alto e bom som o que lhes era merecido ouvir”, publicou Renato Rovai, editor da Revista Fórum e amigo pessoal de Paulo Henrique.
“Eu, aqui do meu canto, acho que Paulo foi ‘morrido’ por essa gente. Porque estava sendo perseguido de maneira violenta e recentemente, por pressão do governo, foi afastado da apresentação do Domingo Espetacular, da TV Record”, acrescentou Rovai.
A TRAJETÓRIA DE PAULO HENRIQUE AMORIM:
Paulo Henrique Amorim estreou no jornal ‘A Noite’, em 1961. Ele foi correspondente em Nova York da revista Realidade e trabalhou na Veja. Na TV, passou por Manchete, Band, Record, TV Cultura e Globo — onde também foi correspondente internacional.
Em 1972, PHA ganhou o Prêmio Esso, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro, na categoria informação econômica, pela reportagem “A renda dos brasileiros”, publicada pela revista Veja.
Paulo Henrique era editor do blog Conversa Afiada — espaço onde conseguia alcançar milhões de pessoas diariamente. São quase 1 milhão de seguidores no Facebook, 530 mil no Instagram, 580 mil no Twitter e 985 mil no Youtube.
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook
Luis Nassif comenta morte de PHA: