Padre Fábio de Melo rebate ex-deputado que celebrou a morte de Paulo Henrique Amorim. Amigos, familiares e admiradores deram o último adeus ao jornalista nesta quinta-feira
Paulo Henrique Amorim foi velado entre a manhã e a tarde desta quinta-feira (11) na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no centro do Rio de Janeiro.
Familiares, amigos e admiradores prestaram homenagens ao jornalista que trabalhava desde 2003 na TV Record e morreu ontem (10), aos 76 anos, vítima de um infarto. O sepultamento ocorreu às 17h, no Cemitério da Penitência.
O presidente recém eleito da ABI, Paulo Jerônimo, contou que ofereceu a sede da associação à família pela importância que o jornalista teve ao longo de sua trajetória.
“Foi um brilhante jornalista, respeitado por toda a classe. Estamos orgulhosos de prestar essa homenagem”, disse Paulo Jerônimo, que também chegou a conviver com Paulo Henrique Amorim. “Ele era um cara muito engraçado, com tiradas impressionantes”.
O nome de Paulo Henrique Amorim permaneceu no topo da lista dos assuntos mais comentados do Twitter durante várias horas desde que sua morte foi anunciada.
Dezenas de figuras públicas e milhares de internautas lamentaram a morte do jornalista e se solidarizaram com a família. Mas houve quem agisse de maneira rasteira.
Foi o caso do ex-deputado Xico Graziano, fundador do PSDB que deixou o partido no ano passado para aderir ao Bolsonarismo. Em uma publicação no Twitter, Graziano chamou Amorim de “canalha” e chegou a citar o “Diabo”.
“Quando morre um canalha me lembro das aulas de catecismo, em que o padre falava sobre o Céu e o Inferno. Aquilo me impressionava. Fazer o bem, ser cristão, em suma, era a receita para entrar na porta iluminada. Senão, o Diabo nos esperava na escuridão. Onde baterá a alma de PHA?”, escreveu Graziano.
Famosos e anônimos reprovaram o comentário de Graziano. “Imagine os familiares dele lendo esse tipo de comentário, aliás, bem insensato para o momento. Será que você consegue se colocar no lugar deles?”, questionou uma internauta.
Até mesmo o Padre Fábio de Melo se manifestou: “É assim que nós religiosos fomentamos e fazemos crescer o ateísmo. Anunciando um deus que é bem pior do que nós.”
“Apaixonado pela democracia”
Irmã de Paulo Henrique Amorim, a professora universitária Marília Amorim lembra que o irmão mais velho tinha uma forma de cuidado que sempre se preocupava em contribuir com sua formação profissional e intelectual.
“Ele sempre me protegeu num sentido muito diferente. Era uma proteção que não me dava refresco. Era uma proteção para me colocar indo à luta”, lembra Marília, que afirma que, por sua coragem, Paulo Henrique é uma “perda imensa” para o jornalismo brasileiro. “Era uma pessoa muito dedicada ao jornalismo”.
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O cineasta Luiz Carlos Barreto contou que ainda no início de sua vida profissional, como repórter da Revista Cruzeiro, fez uma amizade com Paulo Henrique Amorim que durou até sua morte. Barretão, como também é conhecido, elogiou a firmeza do amigo em suas convicções e na defesa da democracia.
“Às vezes, nessa sua fé no jornalismo livre e independente, cometia alguns excessos, mas isso faz parte da paixão. E ele era um apaixonado pela democracia verdadeira”, disse o cineasta. “Era, sobretudo, um espírito livre, e como tal, sempre muito polêmico”.
Paulo Henrique Amorim morreu em sua casa, em Ipanema, na madrugada desta quarta-feira, vítima de um infarto fulminante. Ele teria tido um mal súbito ao chegar em casa após jantar com amigos.
O jornalista chegou a ser levado para o Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, mas não resistiu. Paulo Henrique deixa a esposa, que também é jornalista, e uma filha.
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