PF divulga identidade dos supostos hackers de Sergio Moro
Em ação política, Polícia Federal subordinada a Sergio Moro vincula prisão dos estelionatários de Araraquara (SP) ao escândalo da Vaza Jato
A Polícia Federal informou que prendeu nesta terça-feira (23) quatro suspeitos de terem invadido os celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Os mandados de prisão foram expedidos no âmbito da “Operação Spoofin”, nome que faz referência a falsificações tecnológicas para enganar redes de computadores.
Essas prisões ocorrem depois de vazamentos de diálogos entre Moro e Dallagnol, e também entre outros procuradores da operação Lava Jato, que vêm sendo divulgados pelo site The Intercept desde 9 de junho.
Os vazamentos não deixam dúvidas de que houve conluio entre Moro, Dallagnol e outros procuradores, para prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a investigação da PF que levou às prisões “ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo sob investigação em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil”.
Segundo o jornal, a polícia identificou os suspeitos “por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones”.
Polícia Federal
Nesta quarta-feira (24), a PF divulgou as identidades dos supostos hackers que foram detidos. Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, que já atuou como DJ, foi preso em São Paulo, junto com a esposa Suelen Priscila de Oliveira. Walter Delgatti Neto, de 30 anos, não foi encontrado na casa de sua avó na Vila Xavier.
Segundo a Polícia Federal, Gustavo Henrique tem passagens pela polícia por receptar carros e adulterar placas e documentos. Ainda de acordo com a PF, na casa dele foram apreendidas munições calibre 38 e 735.
Em fevereiro do ano passado, Walter Delgatti foi julgado por envolvimento em um estelionato cometido em março de 2015. Na época, ele teve acesso a um cartão bancário furtado de um escritório de advocacia e, aproveitando-se disso, ele fez uma série de compras, entre elas poltrona, cabeceira de cama, além de roupa de cama. Ele foi condenado a um ano e dois meses de prisão em regime semiaberto.
Esposa de Gustavo Henrique, Suelen Priscila de Oliveira não tem passagens pela polícia.
“Vasculharam tudo”
Ariovaldo Moreira, advogado de Gustavo, disse que ainda não sabe qual a acusação para a prisão dele. Ele espera tomar medidas legais após ter acesso ao processo.
O advogado informou que os policiais federais de Brasília, subordinados a Sergio Moro, foram até a casa da mãe de Gustavo em busca de provas, como documentos, mídias, pen drives, celulares e aparelhos de computador. “”Vasculharam toda a residência e nada foi levado.”
O Antagonista
A Polícia Federal tem trabalhado em conjunto com o site de extrema direita ‘O Antagonista’. A página de Diogo Mainardi tornou-se porta voz de Sergio Moro e, consequentemente, da própria PF.
O site dá como certo que há vinculação entre a prisão dos estelionatários de Araraquara e o escândalo da Vaza Jato. A Polícia não presta informações oficiais sobre a prisão, mas vaza documentos que revelam que, ao contrário do que Moro havia dito, não há hackers sofisticados nessas ações. São golpistas.
Nas redes sociais, a deputada Joice Hasselmann, líder do governo Bolsonaro, fez ameaças ao jornalista Glenn Greenwald: “Tua hora está chegando”.
A ironia é tão extrema que nenhum roteirista de Hollywood a tentaria: o único jornalista do partido do governo – aquele que esta proclamando a autoridade para decidir quais jornalistas deveriam ser presos -foi expulsa da nossa profissão por violações éticas do plágio reincidente: https://t.co/YesFgQaC73
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) July 24, 2019
Não é interessante que a PF tenha supostamente encontrado um grupo do que Moro alegou serem hackers altamente sofisticados tão rapidamente, mas ninguém consegue encontrar Queiroz?
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) July 24, 2019
O Brasil é um país que precisa desesperadamente mudar sua imagem internacionalmente e atrair turistas. Seus líderes decidiram: “vamos ser mais parecidos com a Arábia Saudita e o Egito e ameaçar jornalistas que denunciam nossa corrupção”. Parece uma estratégia estranha. https://t.co/wL641yl2c1
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) July 24, 2019