Deputada Carla Zambelli fura concurso e matricula filho em Colégio Militar
Acabou a mamata? Deputada Carla Zambelli (PSL) fura concurso obrigatório e consegue vaga para filho em Colégio Militar super concorrido. A parlamentar pertence ao partido de Jair Bolsonaro
A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL) conseguiu que seu filho fosse matriculado no sexto ano do ensino fundamental do Colégio Militar de Brasília sem que tivesse que passar pelo concurso obrigatório de seleção de candidatos.
A autorização para o ingresso do menino, de 11 anos, foi publicada no último dia 30 no Boletim de Acesso Restrito do Exército. A informação foi divulgada pela revista Veja nesta terça-feira (3).
A disputa por lugares no colégio é grande: em 2017, houve 1.212 candidatos para 25 vagas oferecidas para o sexto ano, uma relação de 48,48 candidatos por vaga.
O Despacho Decisório 142/2019, que permitiu que o filho da deputada entrasse na escola sem prestar concurso, informa que Carla Zambelli solicitou a vaga por ter se mudado para Brasília depois de empossada no cargo de deputada. Segundo o documento, ela afirmou que seu pedido estava respaldado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios Militares.
O artigo, o último do Regulamento e que integra suas Disposições Transitórias, diz apenas que casos considerados especiais poderão ser apreciados pelo Comandante do Exército. O artigo tem caráter genérico e não trata de questões específicas relacionadas ao acesso de alunos às instituições.
A possibilidade de matrículas de alunos não aprovados em concurso é citada em outro artigo do Regulamento, o de número 52. O texto diz que o comandante do Exército pode autorizar esses casos “observados os limites de vagas decorrentes da capacidade física e dos recursos humanos e materiais do CM”.
As exceções listadas no texto dizem respeito a órfãos de militares ou de filhos de militares que tenham sido transferidos de cidade. Zambelli disse que solicitou a vaga por causa de ameaças sofridas por ela e por seu filho.
A deputada justificou que essas ameaças, que começaram em 2016, são feitas por um grupo que, segundo ela, está ligado a dois massacres ocorridos em escolas brasileiras – o de Realengo, no Rio (2011) e o de Suzano, no Estado de São Paulo (2019).
De acordo com a deputada, a polícia paulista considerou que seu filho não estaria seguro em São Paulo e isso fez com que ela decidisse levá-lo para Brasília e tentasse obter uma vaga no Colégio Militar, a única instituição que ela considera suficientemente segura para o garoto.
Zambelli conta com a proteção da Polícia Legislativa, mas afirma que esta segurança não é o suficiente.
Fundadora do movimento ‘Nas Ruas’, que atuou em protestos que pediam o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a deputada é uma das maiores defensoras de Jair Bolsonaro no Congresso. O movimento chegou a ser condenado a indenizar o então deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) que, em postagem falsa nas redes sociais, foi acusado de defender a pedofilia.