Direita

Extremistas de direita atacam bar que emprega refugiados em SP

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Armados com facas, extremistas de direita atacam com bombas e gás de pimenta bar que emprega refugiados em São Paulo. Local é conhecido como espaço de resistência e foi construído por palestinos refugiados da Guerra na Síria

com informações de RBA e ‘Opinião e Notícias’

O restaurante palestino Al Janiah, localizado na região central de São Paulo, foi alvo de um ataque na madrugada do último domingo (1). Um grupo de cinco pessoas, portando facas, se aproximou da porta do restaurante, atirou garrafas e lançou bombas e spray de pimenta dentro do estabelecimento.

Em nota oficial, o restaurante informa que ninguém ficou ferido e que a equipe conseguiu conter o ataque. A direção já disse ter identificado os sujeitos como pertencentes a grupos da extrema-direita. Um vídeo gravado por câmeras de segurança mostra o momento do ataque.

“Agradecemos o apoio que temos recebido de todos os cantos do Brasil. Não vai ser fácil destruir a solidariedade e os espaços democráticos que foram construídos”, diz a nota do restaurante.

“Não podemos nos calar diante da motivação desse ato, num contexto de crescente discurso de intolerância e ódio que acomete este pais”, diz a administração da casa.

Referência cultural e gastronômica para a comunidade de refugiados e imigrantes palestinos, sírios e árabes da cidade, o Al Janiah é também local de eventos, debates e expressão artística de movimentos democráticos, ligado também à defesa de minorias e na luta pela libertação da Palestina.

Secretário-geral da Confederação Palestina da América Latina e Caribe (Coplan), Emir Mourad, concorda com a equipe do restaurante. “Há tempos que existem grupos de caráter fascista, preconceituosos, homofóbicos, xenófobos e de todo o tipo de discriminação, atuando na sociedade. Isso ganhou impulso com a eleição do atual presidente, que acaba legitimando em seu discurso esse tipo de ação. Eles saíram do armário, se sentem representados socialmente”, avalia.

Vídeo do ataque:

Outros ataques

O Brasil é um país mundialmente conhecido por sua população diversa e multicultural. Porém, a crescente polarização política e a intolerância vêm minando o espírito acolhedor do país. O ataque ao restaurante Al Janiah não é o primeiro direcionado a imigrantes.

Em agosto de 2018, brasileiros moradores de Pacaraima, Roraima, promoveram uma onda de perseguição e agressão a imigrantes venezuelanos na cidade. Eles percorreram a cidade destruindo acampamentos de venezuelanos, agredindo imigrantes – incluindo crianças – e ateando fogo em seus pertences.

Vídeos mostrando a ação do grupo circularam pela internet. Um deles mostra venezuelanos cruzando a fronteira de volta para a Venezuela, enquanto brasileiros aplaudem e alguns entoam o hino nacional.

Um ano antes, em agosto de 2017, o refugiado sírio Mohamed Ali foi vítima de um ataque no Rio de Janeiro. Na época, ele estava há três anos no Brasil e tirava o sustento vendendo esfirra e outros quitutes tradicionais da culinária árabe na esquina da rua Santa Clara com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na zona sul da cidade. Ele trabalhava no local desde que chegou ao país. Porém, foi atacado por outros ambulantes, que chegaram portando pedaços de madeira, jogaram suas mercadorias no chão e o agrediram verbalmente.

“Sai do meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis. Vamos expulsar ele!”, disse um dos agressores.

O episódio, no entanto, teve um final feliz. Consternados com a notícia, cariocas organizaram um “esfirraço” em apoio ao refugiado poucos dias após o ataque.

Um evento chamado “Comer esfiha na barraca do Mohamed” foi organizado na redes sociais. No dia marcado, uma imensa fila se formou em torno do carrinho de quitutes árabes de Mohamed, que agradeceu o apoio e trajou no dia uma camisa com a frase “Eu amo o Rio”. Também foi iniciada uma vaquinha online para comprar um food truck para Mohamed.

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