Greta Thunberg passa pito em líderes mundiais na ONU. Adolescente denunciou o Brasil de Jair Bolsonaro e outros países
A adolescente ativista Greta Thunberg se dirigiu ao plenário da Cúpula da Ação Climática das Nações Unidas nesta segunda-feira, 23, e acusou os líderes mundiais de terem traído sua geração por meio da falta de ação diante do aquecimento global.
“Você vem até nós, os jovens, em busca de esperança. Como ousam?”, criticou. “Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”, disse.
“Está tudo errado. Eu não deveria estar aqui em cima. Eu deveria estar de volta à escola do outro lado do oceano”, disse a adolescente sueca, de 16 anos, com a voz embargada e os olhos cheios d’água. “Mas os jovens estão começando a entender a traição de vocês”, acrescentou.
Logo após seu discurso, Greta e mais 15 jovens de diferentes partes do mundo apresentaram uma denúncia na ONU contra cinco das maiores economias do mundo (Alemanha, França, Brasil, Argentina e Turquia), alegando que os países estão violando os direitos humanos dos jovens ao não adotarem medidas adequadas contra as mudanças climáticas.
“A mensagem que queremos passar é a de que estamos cheios”, disse Greta durante coletiva de imprensa na qual a ação foi anunciada. A petição traz depoimentos de crianças de 12 diferentes países do mundo sobre como as mudanças climáticas estão afetando suas vidas.
Para os jovens, a emissão de carbono causada pelos incêndios provocados na Amazônia brasileira contribui para a mudanças climática tanto quanto as emissões de usinas de carvão na Turquia. A queixa apresentada será ouvida por um comitê de 18 especialistas internacionais sobre os direitos da criança.
Segundo a emissora CNN, que teve acesso à petição apresentada, a queixa cita estes países por já terem reconhecido a jurisdição do Acordo de Paris e por constarem entre os maiores emissores de gases causadores do efeito estufa.
Líderes mundiais, como a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, discursam na reunião de um dia, além de empresas que trabalham para promover a energia renovável.
Merkel anunciou que a Alemanha dobraria a contribuição da Alemanha para um fundo da ONU para apoiar países menos desenvolvidos no combate às mudanças climáticas, passando de 2 bilhões de euros para 4 bilhões de euros.
O Brasil não faz parte do evento, por decisão do próprio governo federal. Porém, na contramão da administração de Jair Bolsonaro, vários governadores da região amazônica participam da reunião.
Além de Greta, outros dois representantes da cúpula climática juvenil participaram nesta segunda da Cúpula da Ação Climática, entre eles a brasileira Paloma Costa. A ambientalista de 27 anos é coordenadora de clima da ONG Engajamundo e também denunciou a falta de ação das potências mundiais no combate à mudança climática e desmatamento.
“Eu vi o mundo inteiro rezar por nossa floresta e nossos indígenas rezando para sobreviver. Nós não precisamos de rezas, precisamos de ações”, disse. “E a reposta que estamos vendo não é suficiente. Então eu me pergunto, precisamos ver a Amazônia queimar para começar a fazer alguma coisa? Eu acho que não”.
com Reuters
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