Barbárie

Homens que chicotearam jovem negro são identificados

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Homens filmados despindo, amordaçando e chicoteando jovem negro são identificados. Irmão da vítima desabafa e diz esperar que seja feita Justiça

Jovem negro foi chicoteado por seguranças do supermercado Ricoy

Waldir Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes são os nomes dos seguranças que torturaram um jovem negro de 17 anos nos fundos do Supermercado Ricoy, na Vila Joaniza, Zona Sul de São Paulo. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil nesta quarta-feira (4).

O crime, que foi registrado em imagens, chocou o Brasil nesta terça-feira (3). O adolescente foi despido, amordaçado e chicoteado com fios elétricos porque teria tentado furtar uma barra de chocolate. A pena para um crime de tortura pode variar de 2 a 8 anos de prisão.

“Me levaram a força, amarraram meu braço, me bateram de chicote, colocaram um negócio na minha boca”, conta o jovem. “Me ameaçaram de morte. Diziam que se eu contasse aquilo para alguém, iriam me matar”, disse a vítima, revelando que a sessão de tortura durou cerca de 40 minutos.

O jovem se apresentou para prestar depoimento na delegacia acompanhado do irmão também nesta terça-feira (3). O irmão do rapaz torturado afirmou que não tinha contato com o jovem havia cinco anos, mas que resolveu ajudá-lo depois da divulgação do vídeo.

“Eu vou levar ele pra morar comigo”, afirmou o irmão. “Ele não vai voltar mais para aquele lugar, porque eu tenho certeza que se ele voltar para lá, vai sumir.”

De acordo com o delegado responsável pelo caso, também existe a possibilidade de os seguranças terem usado o jovem como exemplo para outros moradores da região que costumam praticar pequenos furtos.

“Eu acredito que o intuito desses dois criminosos seria impingir um medo naquela comunidade que fica ali nas proximidades”, disse o delegado Pedro Luis de Souza. “Não se justifica a barbaridade que foi cometida”, completou.

O supermercado Ricoy afirmou, por meio de nota, que “está chocado com a tortura sem sentido”, afirmou ainda que os seguranças “não prestam mais serviços para o supermercado” e que já disponibilizou um assistente social para conversar com o jovem e com a família e que vai dar o suporte necessário.

Histórico familiar

De família evangélica e pobre, o jovem torturado saiu de casa aos 12 anos depois que o pai morreu em um incêndio no barraco onde viviam.

Sua mãe tem problemas com alcoolismo, fato que o fez não ter o auxílio necessário desde a morte do pai. São outros sete filhos. O irmão mais velho da vítima acredita que todo esse histórico conturbado desestabilizou bastante o adolescente, que acabou indo para a rua e passou a usar drogas.

“Eu estava tentando dar um jeito de sustentar ele. Não somos ladrões, olha minhas mãos, mãos de trabalhador, nunca tive passagem na polícia”, declarou à imprensa em frente à delegacia. Para ele, o que aconteceu com seu irmão foi uma covardia.

“O erro dele não justifica o que foi feito. A população no bairro está toda injuriada com isso que aconteceu. Foi o cúmulo do absurdo, uma injustiça o que aconteceu com meu irmão”, declarou.

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