HQ que Crivella mandou recolher bate recorde de vendas
HQ da Marvel que Marcelo Crivella mandou recolher se esgota na Bienal do Livro. Episódio é mais um exemplo de tentativa de censura que provocou efeito reverso
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, determinou a censura do livro “Vingadores, a cruzada das crianças” — um HQ da Marvel. Mas o tiro saiu pela culatra, já que a proibição estimulou as vendas.
Todos os exemplares do livro que estavam à venda em diferentes estandes da Bienal do Livro do Rio se esgotaram em pouco mais de meia hora na manhã desta sexta-feira (6).
“Livros assim precisam estar em um plástico preto, lacrado, avisando o conteúdo”, disse o prefeito em vídeo nas redes sociais na tarde de quinta-feira (5), quando anunciou que censuraria o HQ.
Em resposta ao prefeito, a direção da Bienal afirmou na noite de quinta-feira que não iria retirar os livros e que daria voz “a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser”.
Após a informação de que o livro havia batido recorde de vendas na bienal, fiscais da Secretaria de Ordem Pública da Prefeitura do Rio foram à Bienal do Livro na tarde desta sexta-feira (6) para identificar e lacrar livros considerados “impróprios”.
Ao longo desta semana, houve uma campanha nas redes sociais de grupos extremistas contra a HQ, pois há uma cena em que dois personagens masculinos se beijam.
Em nota, a Bienal afirma que o evento é “plural e todos são bem-vindos e estão representados […] inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+”.
Em novo posicionamento, a prefeitura do Rio de Janeiro nega ter havido “qualquer ato de trans ou homofobia ou qualquer tipo de censura à abordagem feita livremente pelo autor” e alega apenas que está “cumprindo o Estatuto da Criança e do Adolescente”.