Mulheres violadas

Mariana Bazza, vítima de feminicídio, fotografou o homem que tirou sua vida

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Universitária de 19 anos desapareceu após receber ajuda de Rodrigo Pereira Alves para trocar o pneu do carro. "Minha vida acabou", desabafa pai de Mariana, que precisou ser contido na delegacia para não agredir o assassino. Mãe teve de ser hospitalizada

Mariana Bazza (dir) fotografou o homem que tirou a sua vida (esq)

A universitária Mariana Bazza, de 19 anos, saiu da academia com uma amiga por volta das 8h desta terça-feira (24). Enquanto a colega saiu do local de motocicleta para o trabalho, Mariana dirigiu-se até seu carro e notou que o pneu estava murcho. As cenas foram registradas por câmeras de segurança na cidade de Bariri, interior de São Paulo.

Nesse instante, as câmeras flagraram um homem se aproximar dela e oferecer ajuda para a troca do pneu. O rapaz conversou com Mariana e logo em seguida se dirigiu para uma chácara em frente à academia.

Ainda de acordo com as imagens do circuito interno de segurança, após conversar com o rapaz, Mariana entrou no carro e o guiou para dentro da chácara. Cerca de uma hora depois, o veículo saiu do local, mas não é possível identificar pela gravação quem está ao volante.

Uma pessoa saiu pela porta do motorista, voltou após alguns segundos e arrancou com o veículo. Enquanto o rapaz trocava o pneu do carro, Mariana chegou a fotografá-lo e, numa rápida conversa por uma rede social, enviou a foto para seu namorado, Jeferson Viana, tenente da Marinha e que estava em Santos (SP) naquele momento.

O homem que ajudou Mariana a trocar o pneu é Rodrigo Pereira Alves, o Rodriguinho, de 33 anos. Ele estava foragido e foi encontrado escondido atrás de restos de uma construção.

Rodriguinho confessou que matou Mariana a facadas. O corpo da estudante de fisioterapia foi encontrado por volta do meio-dia desta quarta-feira (25) e estava enterrado em uma cova rasa. Mariana tinha as mãos amarradas para trás e encontrava-se amordaçada.

A confirmação da morte e o encontro do corpo da jovem transformou em desespero a esperança que ainda restava nos pais e no namorado de Mariana. Com a notícia de que o suspeito havia confessado o crime, o pai, Airton Bazza, e o namorado acompanharam os policiais até o local do corpo, mas foram orientados a não chegar perto.

Marlene Aparecida Forti Bazza, mãe de Mariana, precisou ser hospitalizada e sedada novamente quando recebeu a notícia. “Minha mulher está desesperada, minha vida acabou, ele matou minha filha, meu anjo. Ele acabou com a nossa vida”, afirmou o pai, aos prantos.

Jeferson contou que quando a namorada mandou a foto de Rodriguinho trocando o pneu, ela não estava com medo. “Ela me mandou apenas para contar o que tinha acontecido, a gente riu da situação e mandei uma foto de uma solenidade de que eu participava e estava fardado, de branco, porque sabia que ela gostava”, explica.

Estupro

De acordo com o Delegado Marcílio Frederice de Mello, que tem auxiliado o delegado Durval Izar nas investigações e diligências, somente com o laudo do IML será possível afirmar a causa da morte de Mariana.

O delegado afirmou que a faca encontrada embaixo do banco do veículo, que havia sido furtada da chácara em Bariri, não foi utilizada para o crime. “Talvez tenha sido utilizada para intimidar a jovem, mas não foi a causa da morte”, afirmou.

No carro os policiais não encontraram sinais de sangue, mas marcas de que naquele veículo houve uma luta. Cabelos, possivelmente da vítima, foram recolhidos.

Questionado se o corpo apresentava sinais de agressão, o delegado afirmou que devido ao estado do corpo, que passou mais de 24 horas abandonado naquele local não dá para afirmar nada. “Vamos esperar os laudos para colocar mais informações sem sentido nesse caso”, explicou.

Integrantes da investigação afirmaram que Rodriguinho contou ter matado a jovem ainda na chácara onde ele estava trabalhando e foi utilizada para trocar o pneu do carro de Mariana. Ele também teria afirmado que abusou sexualmente da vítima, mas voltou atrás na confissão e colocou a culpa da morte em uma terceira pessoa.

“Temos uma gama de provas que nos garantem que ele agiu sozinho. Câmeras de segurança registraram os movimentos dele pela cidade de Bariri e pela rodovia Deputado Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) onde o carro da jovem foi flagrado em cima da ponte do Rio Jacaré Pepira por volta das 11h30 de ontem. Dali até o onde o corpo foi deixado é coisa de 20 minutos”, contou o delegado Marcílio Frederice.

Rodriguinho estava preso até pouco menos de um mês atrás. Ele tem passagem por furto, extorsão, tentativa de latrocínio contra uma policial civil, estupro e outros delitos. Ao todo passou 12 de seus 33 anos no sistema prisional.

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