Direita

Bolsonarista administrador de grupos de fake news estaria arrependido

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Administrador de 100 grupos de WhatsApp que disseminavam informações falsas para favorecer Jair Bolsonaro parece estar arrependido: “Nem com o PT a Lava Jato esteve tão ameaçada”

Nacli Bastos (reprodução)

“O senador Flávio Bolsonaro desde que foi pego no caso Queiroz ao invés de usar o lema tão defendido pelo seu pai ‘conhecereis a verdade e ela vos libertará’ tem feito exatamente o contrário. Isso para nós, que lutamos tanto em defesa da Lava Jato e a favor de uma limpeza no país, já serve como prova de culpa. Já diz o ditado: ‘Quem não deve não teme’.”

A declaração acima foi dada ao jornal El País nesta quarta-feira (11) pelo empreendedor Carlos Henrique Nacli Bastos, responsável pela administração de cerca de 100 grupos de WhatsApp pró-Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. Cerca de 10 mil pessoas recebiam as mensagens diretamente em seus celulares e depois multiplicavam o conteúdo durante a eleição.

Jair Bolsonaro está sentado na cadeira da Presidência da República há 9 meses e Nacli Bastos já tem duras críticas ao governo que ele ajudou a eleger.

“Enquanto ficamos deslumbrados, a turma que está no poder e não quer que a Lava Jato continue está trabalhando a mil nos bastidores para fazer com que as importantes conquistas sejam colocadas para debaixo do tapete. É com muita tristeza que digo que nem no Governo do PT a Lava Jato esteve tão ameaçada”, desabafa o rapaz.

Ao usar a expressão “importantes conquistas”, Nacli Bastos acabou realizando um elogio involuntário ao PT. Foi nas gestões petistas que se respeitou o primeiro colocado da lista tríplice do Ministério Público Federal para assumir a Procuradoria Geral da República (PGR). Além disso, a Polícia Federal nunca recebeu tantos investimentos como nos governos Lula e Dilma.

As investigações dos chamados ‘mensalão’ e ‘petrolão’ não seriam possíveis sem a autonomia do Ministério Público. Isto é, se o governo tivesse aparelhado a PGR com uma espécie de ‘engavetador’, como faz agora a gestão Bolsonaro. A Lava Jato, consequentemente, não teria existido.

Nacli Bastos costumava vestir a camisa amarela da CBF e pintar o rosto com as cores da bandeira nacional para ir às ruas gritar “MITO”. Hoje, pela primeira vez, um dos grupos administrados por ele no WhatsApp furou a bolha dos apoiadores e passou a criticar o governo. Os ataques focam no filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL), que tem agido no Congresso para barrar a ‘CPI da Lava Toga’.

“O próprio Luciano Bivar, presidente nacional do PSL, já se posicionou contra a abertura da CPI. Isso demonstra que o partido do presidente não está em sintonia com o povo que sai nas ruas há tantos anos”, observa.

“Todos aqueles que tem rabo preso estão lutando como nunca para em nome da governabilidade abafar a Lava Jato. Nos próximos capítulos veremos se o povo vai acordar a tempo para não deixarmos a Lava Jato ir para o espaço. Sem a Lava Jato, Bolsonaro jamais teria sido eleito. E ele deve, na minha opinião, parar de perder tempo com a mídia e de falar besteiras nas redes sociais e se posicionar publicamente a favor da CPI”, finaliza.

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