Ameaça de morte contra o presidente da CPI das fake news mostra o tamanho do poder do mercado das notícias falsas – que tem determinado os rumos políticos do Brasil – e como é perigoso mexer nesse vespeiro. Governo tenta impedir que Carlos Bolsonaro seja convocado para depor
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) passou a receber ameaças de morte depois que assumiu a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito das Fake News, que apura, entre outras coisas, o uso de notícias e perfis falsos para influenciar o resultado das últimas eleições. A CPI começou a funcionar no dia 4 de setembro e já teve duas reuniões.
Ele conta que começou a receber, em seu e-mail funcional, mensagens anônimas que diziam que ele não sabia com quem estava “mexendo” e que prometiam “encher sua boca de chumbo”. O senador comunicou as ocorrências à Polícia Legislativa, que investiga o caso. O Senado disponibilizou seguranças para acompanhá-lo.
“Nada disso vai me ameaçar, só me estimula. É muito preocupante que ainda existam pessoas que precisam se esconder porque não têm coragem de exercer a crítica de forma aberta, franca e democrática. Vamos trabalhar para coibir isso”, afirmou o senador.
A comissão foi criada com o objetivo de investigar a disseminação de notícias falsas nas eleições presidenciais do ano passado. A proposta foi gerida pelo Centrão e contou com a articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dois dos principais alvos de ataques virtuais de redes bolsonaristas. A proliferação de notícias falsas também é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que apura ameaças contra ministros da corte.
A CPI é mista e reúne 15 senadores e 15 deputados titulares e igual número de suplentes. A comissão terá 180 dias para investigar a criação de perfis falsos para influenciar as eleições do ano passado e os ataques cibernéticos contra a democracia e o debate público. Também será alvo da mesma CPI a prática de ciberbullying contra autoridades e cidadãos vulneráveis e o aliciamento de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio.
Carlos Bolsonaro
Responsável pela área digital da campanha de Jair Bolsonaro em 2018 e também por coordenar as redes sociais do pai, Carlos Bolsonaro vai ser chamado para depor na CPI das Fake News. A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da comissão, afirmou que será apresentado um requerimento de convocação.
Se o pedido for aprovado, Carlos não poderia se recusar a comparecer à CPMI. “Ele e outras pessoas serão convocados. Todo agente público que tiver que ser ouvido pela comissão virá por meio de requerimento de convocação”, afirmou Lídice.
Na semana passada, Angelo Coronel já havia cogitado a convocação do filho do presidente. Em entrevista à TV Câmara de Salvador, ele afirmou que pretendia perguntar “se ele [Carlos] usou fake news para depreciar adversários” na eleição. Disse também que, em caso de mentira, poderia dar voz de prisão ao depoente.
Um dos episódios mais escancarados de Fake News envolveu o disparo ilegal de mensagens no WhatsApp nas eleições de 2018, segundo revelou reportagem da Folha. À época, o jornal mostrou que empresas compraram pacotes de envios em massa de conteúdos contra o PT.
A prática desrespeita a legislação eleitoral, pois se trata de doação de campanha por entidades privadas e não declarada. O serviço foi vendido pelas agências Quickmobile, CrocServices e Yacows.
com agências
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