Sergio Moro segue o exemplo do patrão no trato com jornalistas e abandona coletiva de imprensa após 3 minutos. Ministro da Justiça ficou contrariado com questionamento de repórter
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, deixou uma entrevista coletiva convocada pelo ministério nesta quarta-feira, 4, sem responder a uma pergunta sobre se haverá uma troca no comando da Polícia Federal.
O ministro deixou o local em menos de três minutos após ser questionado se pretende trocar o diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo.
O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista à Folha de S. Paulo na terça-feira, 3, disse que já conversou com Moro sobre mudança no comando da PF. “Está tudo acertado com o Moro, ele pode trocar [o diretor-geral, Maurício Valeixo] quando quiser”, disse o presidente.
Na semana passada, Moro defendeu Valeixo – disse que estava realizando um trabalho “extraordinário” -, ao mesmo tempo em que saiu em defesa de Bolsonaro, que vinha sendo alvo de críticos apontando afastamento do presidente das pautas de combate à corrupção que marcaram a campanha eleitoral.
O comentário de Bolsonaro torna clara a continuidade da pressão sobre Moro para que aceite a troca no comando da PF desejada pelo presidente, que não gosta de ser contrariado. Entre a cruz e a espada, o ministro, se atender à solicitação do presidente e concordar com a saída de Valeixo, perderá o controle sobre a corporação.
Fez um panorama geral sobre a operação, que investiga autores de crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na internet, e disse que precisava deixar o auditório porque tinha um outro compromisso.
Foi quando, perguntado sobre o comentário do presidente relacionado a uma troca do diretor-geral da PF, Moro manteve o silêncio e foi embora. Nem o Ministério da Justiça nem a Polícia Federal comentaram a declaração do presidente.
Nos bastidores da PF, o clima segue sendo de apreensão quanto a uma possível mudança. Aliados de Valeixo na cúpula do órgão admitem reservadamente que podem entregar o cargo em caso de demissão.
A Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal já se posicionou contra uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. Para a entidade, uma mudança imposta pelo presidente causaria instabilidade e que é preciso fortalecer a instituição por meio da aprovação no Congresso da autonomia da PF.
Agência Estado
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