Meio Ambiente

Base da Funai é destruída na terra indígena mais ameaçada do Brasil

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Base da Funai que custou R$ 750 mil é destruída na terra indígena mais ameaçada do Brasil. Sergio Moro minimiza ato criminoso: "Isso acontece também em outros setores"

Base da Funai destruída (Imagem: Fábio Tito/G1)

Um posto de fiscalização da Fundação Nacional do Índio (Funai) dentro da terra Karipuna, em Rondônia, está destruído e virou símbolo da ação de madeireiros e grileiros.

O território indígena onde o imóvel foi atacado é o mais ameaçado por queimadas no Brasil – tem o maior número de focos ao redor da terra. Lá praticamente não havia desmatamento até 2014, mas, desde então, mais de 20 km² de floresta foram derrubados.

O imóvel, que deveria ajudar a evitar ataques criminosos, foi construído por uma empresa como ação de compensação ambiental. Entregue em 2016, custou R$ 750 mil.

Os karipuna e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) dizem que fiscais chegaram a trabalhar nos primeiros meses daquele ano no posto. Mas os recursos secaram, e o prédio ficou abandonado.

O posto está a 12 quilômetros da aldeia indígena, em um ponto estratégico perto de estradas e de fazendas. No imóvel, os fiscais tinham escritórios e um mirante para observação.

A estrutura foi doada pela Santo Antônio Energia como contrapartida pela construção da usina Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho. A empresa diz que discutiu a localização com o povo e também com a Funai.

Além da sede, o posto tinha casa do gerador de energia, rampa para lavagem de veículos, caixa d’água com poço tubular, redário, garagem com oficina, gerador, mobília e equipamentos.

Segundo o Ministério Público Federal, 11 mil hectares já foram devastados na terra dos karipuna “por intensa atuação criminosa de madeireiros e grileiros”.

Os karipuna têm o território mais ameaçado do Brasil quando o quesito é o número de focos em um raio de até 5 quilômetros da demarcação. Quando o critério é queimada dentro da área, a terra está entre as 20 com mais queimadas no Brasil.

“Antes, havia invasão, mas não era como hoje, está uma coisa bem devastadora mesmo. Era só retirada de madeira, hoje já são pessoas loteando terras, queimando, fazendo derrubada, e hoje estão ameaçando a gente dizendo que a cabeça dos lideranças estão a prêmio”, diz Eric Karipuna, que é neto do índio mais velho da tribo.

Questionado sobre a destruição do posto da funai na terra dos karipuna, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, minimizou o ato criminoso.

“Pode haver carências específicas em um local x, em um local y ou numa base… Mas isso acontece também em outros setores. Nós temos, por exemplo, problemas de recursos humanos na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal que estamos buscando resolver”, justificou.

Ministro Sergio Moro (Rafael Marchante/Reuters)

as informações são do G1

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