Crise do PSL escancara a parcialidade e a covardia de Sergio Moro
Crise do ‘laranjal do PSL’ expõe ainda mais parcialidade de Sergio Moro. Ministro da Justiça saiu em defesa de Bolsonaro mesmo com investigação conduzida pela Polícia Federal em curso
RBA
Após publicação de reportagem do jornal Folha de S. Paulo deste domingo (6) apontando que o depoimento de um ex-assessor parlamentar do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e uma planilha apreendida em uma gráfica sugeriam um desvio de recursos do esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais para as campanhas de Jair Bolsonaro à presidência da República e de Marcelo Álvaro a deputado federal, o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro saiu em defesa do presidente por meio de seu perfil no Twitter.
Na postagem, o ex-juiz afirmou que Bolsonaro “fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje não reflete a realidade. Nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR neste inquérito de Minas. Estes são os fatos”.
O próprio jornal informa em sua edição desta segunda-feira (7) que a reação de Moro teria “surpreendido” membros do Ministério Público e do Judiciário, entre eles um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um procurador que atuou na Lava Jato, por conta da falta de parcialidade por parte de alguém que é o chefe da Polícia Federal, que conduz as investigações sobre as candidaturas laranjas do partido de Bolsonaro.
“Alguém precisa explicar a Moro como a coisa funciona”
Nas redes sociais também não faltaram críticas ao ministro. “Moro está tornando impossível para todos – até a Globo (em breve) – negar quem ele realmente é”, disse o jornalista Glenn Greenwald, referindo-se ao episódio.
Kennedy Alencar escreveu em seu blog: “Moro não tem competência legal para fazer manifestação de cunho jurídico sobre o caso. Ele criticou o trabalho da imprensa dizendo que a reportagem do jornal ‘não reflete a realidade’. Na prática, condenou a ‘Folha’, como tem o hábito de fazer quando a imprensa lhe desagrada”.
“Ora, numa democracia plena, um ministro da Justiça não pode opinar ou interferir em inquéritos da Polícia Federal. Delegados têm autonomia para fazer suas investigações. O Ministério Público e o Judiciário avaliam conclusões de inquéritos e tomam as medidas que julgam cabíveis e necessárias. Alguém precisa explicar a Moro como a coisa funciona”, diz Kennedy.
O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ), questionou a atitude de Moro. “E o laranjal do PSL? Moro, que é chefe da Polícia Federal, atuou como advogado de defesa de Bolsonaro. Na lambança, tudo indica que expôs informações às quais nem deveria ter tido acesso, colecionando críticas na área jurídica. Cadê o combate à corrupção?”, postou.
“Moro atesta seu compromisso político e parcialidade tosca ao sair em defesa acrítica de Bolsonaro no caso do caixa 2 em Minas. O ex-juiz é um militante de extrema-direita. Há tempos. Sua credibilidade deságua no mar do Queiroz, das milícias, fake news e das mutretas de Flávio”, disse o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP).
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também contestou o ex-juiz. “No caso do laranjal do PSL, Moro revela mais uma vez seu DNA de parcialidade. Saiu em defesa de Bolsonaro e deixou escapar que tem informações privilegiadas de um inquérito que corre em sigilo. E tem gente que se surpreende com o fato de Moro tornar-se funcionário de Bolsonaro!”