Barbárie

Menina de 11 anos punida pela mãe com “jejum e oração” é encontrada morta

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Menina de 11 anos era obrigada a jejuar e orar como forma de corrigir atos considerados errados. A criança morreu por desnutrição. Em diário, vítima relatou rotina de castigos

Diário da menina (imagem: reprodução/TV)

Morreu na noite da última quinta-feira (24) uma menina de 11 anos que era mantida pela própria mãe e pelo cadastro em cárcere privado. O crime aconteceu em Ubatuba (SP).

A menina faleceu por desnutrição decorrente de privação de alimentos. O padrasto e a mãe da criança lá estão presos. Eles confessaram que obrigavam a criança a jejuar para “purificá-la”.

De acordo com o relato da mãe, que se diz muito religiosa, a menina de 11 anos era mantida no chão sobre um tapete de EVA (um tipo de borracha) no apartamento da família.

A vítima ficou trancada em casa durante cinco meses e era obrigada a jejuar e orar como forma de corrigir atos considerados errados, como mentiras. Durante esse período, ela teria saído apenas duas vezes na rua. O irmão dela, de 8 anos, também era submetido a castigos esporádicos.

Segundo a polícia, na última terça-feira (22) a mulher e o marido teriam obrigado a menina a fazer um jejum de dois dias. Só era permitido que ela bebesse água. Na quinta, a criança passou mal e morreu no hospital.

A mãe, de 26 anos, e o padrasto, de 47, vão responder por tortura com morte, cárcere privado e abandono intelectual. O irmão da vítima foi encaminhado para um abrigo da cidade e está sob os cuidados do Conselho Tutelar.

Diário

A Polícia Civil ainda apreendeu um diário no qual a menina relatava a rotina de orações e exercícios físicos. O conteúdo em detalhes não foi revelado pela polícia e será usado durante a investigação.

De acordo com o delegado Ricardo Mamede, a menina chegou a pedir para comer e a mãe negou. Em depoimento, a mãe contou que mandou a filha tomar água quando ela reclamou por sentir fome.

“Com as buscas, encontramos o diário relatando a rotina, que era jejuar, orar e fazer exercícios frequentes. Flexão, abdominal e mesmo sem alimento, ela era obrigada a fazer exercícios”, disse o delegado.

Segundo a polícia, em um outro caderno também apreendido no apartamento, o casal escreveu a justificativa que daria às autoridades. A mãe e o padrasto pretendiam mentir e alegar que a menina tinha anemia e teria morrido por falha dos médicos no hospital.

“O padrasto continuou insistindo na versão falaciosa de que ela teria falecido em virtude de anemia. Ele disse que não se culpava por aquilo e afirma que faria tudo de novo. Que ele acredita que a purificação só vem através de jejum. Mas a mãe, após ser confrontada com todas as provas, decidiu revelar a verdade e contou detalhadamente tudo”, disse o delegado.

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