Homofobia

Jovem gay fica 10 dias em coma induzido após ser espancado no seu aniversário

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Espancado no dia do seu aniversário, jovem gay sai do coma induzido e grava vídeo. Familiares contam que ele sempre sofreu preconceito por ser homossexual, mas nunca havia apanhado. Três pessoas foram indiciadas por homofobia

(Imagem de Roger divulgada por familiares)

No último dia 22 de setembro, o jovem Roger Passebom Junior, de 22 anos, foi espancado na saída de uma casa noturna em São Bernardo do Campo, na região do ABC. Ele teve traumatismo craniano e ficou internado entre a vida e a morte no Hospital Municipal de Clínicas.

Nesta terça-feira (02), dez dias depois do crime, Roger saiu do coma e foi encaminhado para o quarto. O jovem ainda encontra-se debilitado, mas gravou um vídeo em que diz estar se sentindo feliz com a sua recuperação.

Vítima de homofobia, Roger estava comemorando o seu aniversário na casa noturna ao lado de amigos quando outros jovens que eles não conheciam começaram a provocá-lo.

Roger respondeu e houve uma discussão. Em seguida, os seguranças retiraram da festa os rapazes que começaram as provocações. Roger e os amigos continuaram na casa noturna até o fechamento do local.

Os agressores permaneceram horas do lado de fora esperando que Roger e os amigos saíssem da festa e armaram uma emboscada. Os amigos conseguiram fugir, mas Roger caiu no chão e foi espancado por seis pessoas.

“Caído no chão, começaram a chutar ele. Chutaram muito, principalmente na região da cabeça”, contou Silvio Brito, tio de Roger. O tio conta que, enquanto espancavam o jovem, os agressores gritavam ofensas homofóbicas. “Homossexual tem que morrer, é isso que eles falavam: homossexual tem que morrer”, diz Brito.

Amigos que estavam com Roger confirmam que ele foi agredido por ser homossexual. Um dos amigos registrou um boletim de ocorrência sobre a agressão. A ocorrência foi registrada como lesão corporal, sem o agravo de homofobia.

“Acostumado”

Familiares disseram que Roger estava acostumado a ser alvo de preconceito nas ruas por ser homossexual, mas nunca tinha sido agredido. “Roger sempre se saiu dessas ofensas usando o deboche como arma, talvez isso tenha se virado contra ele nessa forma de violência”, conta um familiar.

Ainda que as agressões não fossem físicas, Roger nunca se saiu ileso. “Em casa ele sofre, em casa ele chora.. ‘Ah, mãe me chamaram disso, me trataram dessa forma’. Mas na rua ele é sempre firme quando acontece esse tipo de ofensa ou de agressão verbal, nunca aconteceu agressão física”.

Inquérito

Três dos seis agressores foram indiciados por lesão corporal gravíssima e racismo(*). Eles aparecem em imagens de câmeras de segurança de um estacionamento agredindo Roger. Os agressores vão responder em liberdade porque têm residência fixa, trabalho e se apresentaram espontaneamente à polícia.

O advogado de Roger Júnior, José Beraldo, entrou com um pedido no Ministério Público para que seja decretada a prisão preventiva dos suspeitos. “Eles ostentam antecedentes criminais, mostraram que são violentos. O que eu quero é que eles sejam julgados por júri popular para que sirvam de exemplo para outros agressores da comunidade LGBT”, diz Beraldo.

“Nós queremos é um rigor absoluto de todos aqueles que atuaram nessa agressão, que isso foi uma tentativa de homicídio. É tentativa de homicídio grave, com requintes de crueldade, é crime hediondo”, acrescenta Beraldo.

“O instinto homofóbico, aquele instinto de ódio, aquela intolerância contra gênero, o Supremo já entendeu que é crime de racismo. Isso tem que servir como um precedente, para todos os outros agressores. Isso acontece no Brasil de forma muito covarde contra gays, lésbicas, homossexuais, trans. Essas pessoas tem que ser respeitadas, a dignidade da pessoa humana”, finaliza o advogado.

(*) Desde junho, o STF determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser considerada um crime punido pela Lei de Racismo. Saiba mais aqui.

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