Vítima de emboscada: as semelhanças entre o assassinato do presidente do PSOL em Xapuri e um crime de 31 anos atrás, que vitimou Chico Mendes
O município de Xapuri, no interior do Acre, a 188 quilômetros de Rio Branco, ficou conhecido mundialmente, na década de 80, após o assassinato do presidente do sindicato rural daquela cidade, o líder seringueiro e ecologista Chico Mendes.
Ele foi vítima de uma emboscada no quintal da própria casa, encomendada por um grupo de fazendeiros liderados por Darli Alves, preso e sentenciado.
Ficou claro que a motivação do assassinato foi a resistência dos seringueiros, liderados pela vítima, à presença de fazendeiros paulistas na região, diante de uma sangrenta disputa pela posse de terras sem o devido registro de propriedade em cartórios naquela época.
Hoje, 31 anos depois, parece que nada mudou na Princesinha do Acre. Mais uma morte pelos mesmos motivos chamou a atenção do Brasil, com destaque no noticiário nacional.
O presidente municipal do PSOL, candidato a vice-prefeito na eleição passada, o produtor rural e mecânico de moto Josemar da Silva Conde , o “tripinha” (47), foi vítima de uma emboscada, no meio do Mato, a poucos metros de sua colônia, no ramal Filipinas, seringal Barra, colocação Campo Verde, na reserva extrativista Chico Mendes.
Ele foi alvejado nas costas por um tiro de espingarda de grosso calibre, disparado de dentro do mato pelo próprio vizinho, um senhor conhecido apenas por “Chico doido”.
A motivação para o assassinato teria sido uma questão judicial por causa do limite territorial das terras. Os dois nunca chegaram a um acordo sobre a linha divisória dos terrenos.
O presidente municipal teria recebido um chamado de “Chico doido” para ir até a casa dele. Seria uma indicação de que os dois poderiam se acertar amigavelmente.
Mas Josemar não chegou nem a adentrar nas terras do vizinho e já foi surpreendido pelo estrondo do tiro e morreu às margens do caminho.
Devido à dificuldade de acesso o corpo ficou no local mais de 12 horas e só foi resgatado no dia seguinte, quinta-feira (21), por um helicóptero da secretaria de segurança pública, deslocado de Rio Branco para Xapuri.
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O trabalho de investigação, no local do crime, foi realizado pelo inspetor de polícia civil Eurico Feitosa e está sendo conduzido pelo delegado Alex Dani, da Polícia Civil de Xapuri.
Até o início da noite desta quinta feira (21) o autor do disparo não tinha sido preso e a polícia continuava embrenhada na floresta à caça dele.
A direção nacional do PSOL, em Brasília, havia emitido uma nota se solidarizando com a família de seu presidente municipal em Xapuri e cobrando do governo acreano mais esforço para prender, logo, o assassino de Josemar Conde.
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