Bolsonarista confunde Pinochet com Porchat e a internet não perdoa
Acredite se quiser: bolsominion confunde Pinochet com Porchat e a internet não perdoa. Até mesmo o humorista se pronunciou, incrédulo
Um fã do presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou a atenção da internet nesta sexta-feira (22) em meio às discussões a respeito da homenagem que seria realizada para o ditador chileno Augusto Pinochet na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Primeiro, um jornalista citou uma fala do deputado estadual Frederico d´Avila (PSL), após a solenidade em memória ao ditador ser cancelada. “‘Sou vítima de censura e seletividade’, disse o deputado que quis homenagear Pinochet. Gosta de ditador e não gosta de censura? Poser”, escreveu Giovanni Santa Rosa.
Em seguida veio a resposta de João, eleitor de Jair Bolsonaro e autor da confusão. “Qual o problema de homenagear o cara? O programa dos famosos contando histórias é muito bom”, escreveu ele, referindo-se ao humorista Fábio Porchat.
“Qual o problema em homenagear um ditador sanguinário, isso é sério?”, rebateu um internauta, chamado de Raphael. “Desde quando ele é sanguinário, o cara é muito engraçado! Nunca viu Porta dos Fundos?“, insistiu João.
“Que? Cara a gente tá falando do ditador chileno Augusto Pinochet”, alertou Raphael. “Acho que ele confundiu com o Porchat”, concluiu outro rapaz.
A pérola viralizou nas redes sociais e chegou ao próprio Fábio Porchat, que se manifestou. “Não é possível”, escreveu o humorista, para depois fazer uma brincadeira com seu sobrenome e o do ditador chileno. “Augusto Pinorchat. Fábio Porchet”. O humorista postou também uma foto trajado como militar, e escreveu: “Fui descoberto”.
Internautas também repercutiram a confusão. “É deprimente essa nova geração que foi apresentada à política a partir da ascensão do nome de Jair Bolsonaro. Nosso futuro é assustador”, comentou um usuário.
“Confundir Porchat com Pinochet não é apenas um evento anedótico, é um sinal da Era da Superficialidade, que vivemos sem nos dar conta.Sem conhecer os principais fatos e acontecimentos que moldam o nosso mundo, a pessoa opina o dia inteiro com base em quê? Que opiniões são levadas a sério numa realidade de gente que desconhece os fatos que formam seu mundo?”, questionou a jornalista Madeleine Lacsko.
Não é possível https://t.co/mJ2I0PsFNe
— Fabio Porchat (@FabioPorchat) November 22, 2019
Homenagem a Pinochet cancelada
O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Caue Macris (PSDB), assinou ontem (21) um ato para impedir o evento em homenagem ao ditador chileno Augusto Pinochet – pedido do deputado estadual Frederico D´Ávila (PSL).
“A tentativa de homenagear um ditador, condenado por cortes internacionais por crimes contra a humanidade, não acrescenta absolutamente nada para sociedade e contribui para o debate dos extremos, infelizmente cada vez maior no cotidiano. Por isso, este tipo de evento não encontrará espaço na Assembleia Legislativa de São Paulo”, disse Macris na conta oficial da Alesp no Twitter.
Eleito para o primeiro mandato como deputado em 2018 com 24.470 votos, D’Ávila é ruralista e participou da criação do plano de governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a área. Antes, foi assessor especial de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo de São Paulo.
Augusto Pinochet
O ditador direitista Augusto Pinochet morreu em 2006 enquanto respondia a três processos judiciais por acusações sobre violações de direitos humanos em seu governo, corrupção e sonegação de impostos. Ele chegou a ser preso no fim da vida no Reino Unido, para onde fugiu em meio às acusações que sofria no Chile.
O primeiro atentado terrorista em Washington não foi obra dos muçulmanos radicais, mas de Augusto Pinochet, em 1976. Também realizou atos terroristas em Buenos Aires. Ele permitiu a implementação de uma colônia pedófila nazista em seu país, a cargo de Paul Schaefer. Pinochet era corrupto e foi condenado pela justiça chilena pelo desvio de US$ 17 milhões dos cofres públicos.
Há uma história pitoresca que resume o caráter de Pinochet. Ele foi detido pela Interpol em Londres para responder por crimes contra a humanidade em 1998. Dia-a-dia parecia desfalecer e foi colocado numa cadeira de rodas. Balbuciava coisas sem sentido. Concluíram que ele tinha Alzheimer e o devolveram ao Chile. Ao chegar no aeroporto de Santiago, levantou-se da cadeira de rodas e foi andando, com vigor, para abraçar os amigos.