Com uso compulsivo nas redes sociais, Carlos Bolsonaro complicou a si mesmo com contradições que o colocam no foco central do assassinato de Marielle Franco. Advogados do vereador constataram as trapalhadas e o teriam convencido a sair de todas as redes
No último sábado (16), o jornalista Luis Nassif elencou os elementos que encaminhavam o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) para o olho do furacão no caso Marielle Franco.
A análise de Nassif é, portanto, anterior à revelação de que a Polícia Civil passou a investigar a participação do filho do presidente Jair Bolsonaro no assassinato da ex-vereadora, que morreu no dia 14 de março de 2018.
Nassif lembra que no dia seguinte à reportagem do Jornal Nacional sobre o depoimento do porteiro, Carlos Bolsonaro mostra os vídeos com as chamadas da portaria do seu condomínio.
No segundo vídeo, Carlos exibe uma chamada para a sua casa, no condomínio. Mostra o horário, de 17:58 e o diálogo com o porteiro. “Seu Carlos, é o Uber”, avisa o porteiro. “Opa. Valeu. Obrigado”, responde o filho do presidente.
“Ali, ele, sem perceber, detona seu primeiro álibi: o de que, na tarde da morte de Marielle, ele estava em sessão na Câmara de Vereadores. No vídeo da sessão daquele dia, é possível conferir sua presença às 3 horas e 8 minutos de gravação. Era 17:30. Da Câmara de Vereadores ao condomínio dos Bolsonaro, não se vai por menos de 50 minutos. Uma consulta ao sistema do Uber poderá mostrar para onde Carlos Bolsonaro foi conduzido”, escreve Nassif.
“A troco de quê Carlos insistiu no álibi da sua presença na Câmara de Vereadores, e não em sua casa? Provavelmente porque, àquela hora, dois assassinos de Marielle estavam em reunião na casa de Ronnie Lessa, no mesmo condomínio”, acrescenta o jornalista.
Abaixo, veja a íntegra da análise de Nassif:
Peça 1 – a live de Bolsonaro contra a Globo
Na madrugada seguinte à matéria do Jornal Nacional sobre o porteiro, Jair Bolsonaro fez um live descontrolado atacando a Globo e afirmando que estavam perseguindo seus filhos.
Detalhe: o nome de nenhum filho tinha aparecido na reportagem.
Peça 2 – o segundo vídeo de Carlos Bolsonaro
No dia seguinte, pela manhã, Carlos divulga um vídeo tentando desmontar a tese de que Elcio Queiroz tinha ido para a casa de Jair Bolsonaro. Na tela, aparece outra chamada para a casa de Jair, despertando dúvidas. Carlos faz, então, novo vídeo para mostrar o conteúdo da outra chamada.
A um minuto de gravação, ele, espontaneamente, mostra uma chamada para a sua casa, no condomínio. Mostra o horário, de 17:58 e o diálogo com o porteiro:
“Seu Carlos, é o Uber”, avisa o porteiro. “Opa. Valeu. Obrigado”, responde o filho do presidente”.
Peça 3 – o primeiro álibi de Carlos Bolsonaro
Ali, ele, sem perceber, detona seu primeiro álibi: o de que, na tarde da morte de Marielle, ele estava em sessão na Câmara de Vereadores.
No vídeo da sessão daquele dia, é possível conferir sua presença às 3 horas e 8 minutos de gravação. Era 17:30. Da Câmara de Vereadores ao condomínio dos Bolsonaro, não se vai por menos de 50 minutos. Uma consulta ao sistema do Uber poderá mostrar para onde Carlos Bolsonaro foi conduzido.
A troco de quê Carlos insistiu no álibi da sua presença na Câmara de Vereadores, e não em sua casa? Provavelmente porque, àquela hora, dois assassinos de Marielle estavam em reunião na casa e Ronnie Lessa, no mesmo condomínio.
Provavelmente foi a constatação das trapalhadas de Carlos Bolsonaro, com o uso compulsivo das redes sociais, que levou seus advogados a convencê-lo a sair de todas as redes.
Peça 4 – a esposa de Ronnie Lessa
Conforme noticiado, nas vésperas do depoimento de Ronnie Lessa, sua esposa enviou por WhatsApp a foto da planilha do porteiro. Se ele enviou do WhatsApp, é porque recebeu de alguém. É só quebrar seu sigilo e, a partir dele, rastrear o caminho dos IPs para chegar no mandante do crime.
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook