Ministra Damares Alves toma invertida após atacar professora que foi ameaçada de morte e está em programa federal de proteção
Na noite da última segunda-feira (25), a professora Débora Diniz publicou, no jornal El País, um texto sobre a encenação silenciosa da ministra Damares Alves durante uma coletiva de imprensa convocada por ela mesma.
“Ela [Damares] emudece porque é incapaz de nos oferecer segurança. Ela mesma é uma mulher subjugada ao jogo masculino do poder, às artimanhas de um uso perverso da representatividade de gênero na política que transforma a agenda igualitarista em uma armadilha contra a próprias mulheres”, escreveu Débora.
Damares ficou incomodada com o texto e usou o Instagram para se manifestar. “Se meu silêncio tivesse incomodado apenas Débora Diniz já teria valido a pena”, retrucou a ministra.
Em seguida, Damares usou de ironia para fazer um convite: “Dona Débora, venha me ajudar a cuidar das mulheres. Ficar atrás de um computador criando suas teses é fácil, já li tanto artigo publicado pela senhora e pergunto: quantas vidas mesmo seus amigos salvaram?”.
No Twitter, Débora respondeu ao convite de Damares com uma informação cortante: “Damares me convocou para ser uma voluntária de seus trabalhos comunitários. Não posso, pois estou em seu ‘programa de proteção de defensores de direitos humanos ameaçados’ e só ando com escolta policial do Estado. Ela não sabe, mas ‘dona Débora’ é uma vítima de violência”.
Débora Diniz
A antropóloga Débora Diniz, 49, passou a ser ameaçada de morte por seu protagonismo nas audiências sobre aborto no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018. Ela é referência na área, mas evita aparições públicas desde que tiveram início as ameaças.
Débora precisou ser incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Governo Federal e anda com escolta. A Polícia do DF sugeriu que ela deixasse o Brasil.
“Chegaram ao ponto de cogitar um massacre na universidade (UNB) caso eu continuasse dando aulas. A estratégia desse terror é a covardia da dúvida. Não sabemos se são apenas bravateiros”, disse Débora, que hoje é pesquisadora na Universidade Brown, uma das mais antigas dos EUA.
“Há o risco do efeito de contágio, de alguém de fora do circuito concretizar a ameaça, já que os agressores incitam violência e ódio contra mim a todo o momento. É um perigo constante defender posições no país que mais mata ativistas dos direitos humanos”, denunciou.
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