Eleições 2018

“Dossiê da suruba gay” impediu príncipe de ser vice de Bolsonaro

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Além das orgias gays, informação de que "príncipe" agredia mendigos na rua de madrugada também teria pesado. Deputado confirma versão, mas Eduardo Bolsonaro vocifera

Bolsonaro e o “príncipe” (AFP)

O ex-ministro e ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno negou nesta quinta-feira (14) ter sido desleal ao presidente Jair Bolsonaro e respondeu a acusações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) no Twitter (leia no final da notícia o texto completo) .

“Repare, nenê, que jamais abri a minha boca para contar o que sei. Critico as asneiras do dia a dia, assim como qualquer brasileiro. Afinal, ao contrário do que você demonstra aspirar, ainda vivemos em uma democracia”, disse.

O terceiro filho do presidente escreveu uma série de mensagens na qual acusa Bebianno de ter sabotado a escolha do candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018.

“Ao contrário do que diz, eu poderia estar no governo até hoje, se quisesse, visto que seu pai me convidou para ocupar a diretoria administrativa de Itaipu, além de outras sondagens posteriores. Como tenho vergonha na cara e não preciso de governo para viver, sugeri que guardassem a oferta em lugar que fizesse rima”, afirmou o ex-presidente do PSL.

Dossiê

Na rede social , o deputado do PSL de São Paulo mencionou um dossiê feito contra Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP) e que teria feito Jair Bolsonaro mudar de ideia sobre a escolha dele para candidato a vice.

“Quando JB [Jair Bolsonaro] pagou missão para Bebianno, que só andava com Julian Lemos [deputado do PSL da Paraíba], encontrar um vice todas as tentativas sempre davam errado. General Mourão, PRTB não deixou, general Heleno, PRP não deixou, Janaína Paschoal não rolou, príncipe, falso dossiê. A estratégia era clara, queimar a todos para que na última hora fosse Bebianno o escolhido”, escreveu Eduardo Bolsonaro.

“Porém, no caso do Príncipe há uma particularidade”, afirmou Eduardo. “Carlos [Bolsonaro] e eu havíamos conversado com ele, Jair Bolsonaro estava de acordo e até sábado ele seria o vice. O último dia do prazo era domingo. De sábado para domingo chegou para Bolsonaro um informe de que o ‘príncipe’ saía de madrugada a agredir mendigos na rua.”

No dossiê haveria cenas de festas gay e acusações de envolvimento do possível candidato a vice com gangues de briga de rua e agressões a mendigos. Em entrevista para a Revista Época ontem, o “príncipe” culpou Bebianno por informar a Bolsonaro que teria fotos dele em uma orgia e agredindo um morador de rua.

Na quarta-feira (13), Bebianno acusou o presidente Jair Bolsonaro de mentir ao atribuir a ele a montagem de um dossiê que teria tirado o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança da condição de candidato a vice em sua chapa em 2018.

Em vídeo divulgado, Bebianno desafiou o presidente a se submeter, com ele, a um detector de mentiras. “Eu de um lado, o senhor do outro. Vamos ver quem é o mentiroso? Está aqui feito o desafio. Quero ver se o senhor aceita”, provocou.

O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República sugeriu que Eduardo fosse embaixador da Bolívia, país que está em crise após um golpe de estado que tirou Evo Morales do poder.

“Tente a embaixada da Bolívia, talvez dê certo. Quem sabe assim você para de encher o saco e atrapalhar o governo”, declarou.

Bebianno presidiu o PSL a pedido do próprio candidato em 2018 durante a campanha eleitoral. Perdeu a condição de homem de confiança do presidente em fevereiro, quando foi demitido do governo após entrar em colisão com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente e irmão de Eduardo. Desde então passou a ser alvo da artilharia de bolsonaristas e a revidá-los.

Deputado confirma versão de Bebianno

“Foi aquilo mesmo, o príncipe Luiz Philippe dormiu candidato a vice e acordou fora da chapa”, disse o deputado Julian Lemos (PSL-PB). Assisti ao vídeo do BebianNo. É tudo verdade. Bolsonaro foi quem falou do dossiê da suruba. Disse ao Bebianno e depois repetiu a história para mim no telefone.

No vídeo que a repórter Constança Rezende obteve ontem do próprio Bebianno, o ex-ministro conta que Bolsonaro o acordou com um telefonema às 4h da manhã do dia em que seria feito o anúncio da escolha do vice para desfazer a combinação.

Segundo Bebianno, Bolsonaro então lhe relatou a existência de um dossiê que teria recebido de um delegado da polícia federal e de um coronel do Exército, envolvendo Luiz Philippe em “suruba gay” e na participação de gangues de briga de rua e ataques a mendigos.

Em encontro com deputados do PSL, Bolsonaro disse a Luiz Philippe de Orlean e Bragança que se arrependia de ter escolhido outro vice, no caso o general Hamilton Mourão.

informações do Congresso em Foco

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