"Eu tenho um sonho". Vestindo uma camisa de Martin Luther King, homem encara extremista que invadiu embaixada da Venezuela em Brasília. A imagem percorreu o mundo
A imagem de um invasor apoiador de Juan Guaidó sendo expulso da embaixada da Venezuela em Brasília nesta quarta-feira (13) repercutiu em diversos jornais internacionais, sobretudo da América Latina.
Os registros são de autoria de Sergio Moraes, da agência Reuters. Na imagem, um homem que veste uma camisa do líder e ativista Martin Luther King desfere um soco contra um fascista que havia invadido a embaixada horas antes.
A foto também foi muito comentada nas redes sociais. “Que soco bem dado. Fascismo não tem papinho, nem flores. É murro mesmo”, escreveu um internauta. “Essa é a foto do ano. Vou imprimir, emoldurar e pendurar na parede de casa”, brincou outro.
“Conheço todos. Amigos de luta. Estava lá, ao lado deles, lutando em solo venezuelano, encravado em Brasília. Esse fascista da imagem estava provocando muito e mereceu levar uns sopapos. Estamos do lado certo da História”, contou uma testemunha.
As embaixadas são consideradas territórios autônomos dentro de um país e seguem regras próprias. A embaixada da Venezuela em Brasília foi invadida durante a madrugada de quarta-feira (13) por conservadores partidários do autoproclamado presidente Juan Guaidó.
Às 8h da manhã, grupos de esquerda antifascistas chegaram ao local, conseguiram forçar a entrada e retomaram parte do prédio. A foto foi tirada neste momento. Minutos depois, a PM separou os confrontos com gás de pimenta.
No final do dia, o grupo invasor pró-Guaidó deixou a embaixada venezuelana pela porta dos fundos e escoltado por policiais militares. Segundo Anderson Torres, secretário de Segurança do Distrito Federal, ninguém foi preso.
Imagens: Sergio Moraes/Reuters
Governo Bolsonaro
Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “diante dos eventos ocorridos na Embaixada da Venezuela, repudiamos a interferência de atores externos”.
“Estamos tomando as medidas necessárias para resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, continuou.
Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional disse que o presidente Jair Bolsonaro “jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó”.
Governo Maduro
O governo de Nicolás Maduro na Venezuela publicou nota em que chama de “ataque cometido por grupos violentos” o ato ocorrido na Embaixada venezuelana em Brasília.
No comunicado, o governo critica o que classificou como “atitude passiva das autoridades policiais brasileiras, em desatenção de suas obrigações de proteção das sedes diplomáticas e seu pessoal”.
O comunicado também diz que o regime venezuelano exige ao governo brasileiro “o cumprimento de suas obrigações como Estado parte da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que estabelece a obrigação de proteger sedes diplomáticas em qualquer circunstância”.
Convenção de Viena
A Convenção de Viena, estabelecida em 1961, diz que “as premissas da missão diplomática são invioláveis. Os agentes do Estado receptor não podem entrar nelas, exceto com o consentimento do chefe da missão”.
O documento ainda aponta no segundo item do artigo 22 sobre relações diplomáticas que “o Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à tranquilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.”
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