Tia de médico morto pela PM desabafa: "Vítima de governo que mata e depois pergunta". Esposa também protesta: "Levou um tiro de graça"
O médico Luiz Augusto Rodrigues, de 45 anos, foi morto pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) durante uma abordagem, na madrugada desta quinta-feira (28). Ele estava acompanhado de um amigo.
Segundo os bombeiros, que atenderam a ocorrência, o endocrinologista estava desarmado e levou um tiro na cabeça. O militar que atirou usava uma carabina calibre 5.56.
De acordo com a PM, os militares viram dois homens em atitude suspeita, em frente ao Teatro dos Bancários, perto de uma caminhonete. Ao realizarem a abordagem, segundo o relato da corporação, um dos homens apontou uma arma.
Um soldado reagiu e fez o disparo que acertou o médico, diz a PM. Por meio de nota, a corporação disse que “lamenta profundamente o desfecho da ocorrência e informa que vai instaurar um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias”.
O Corpo de Bombeiros constatou a morte do médico, no local. O soldado, que teria disparado contra o endocrinologista, se apresentou na 1ª DP e, por isso, não foi preso em flagrante.
Esposa
Viviane Rodrigues, de 44 anos, afirma que não recebeu explicações concretas da polícia sobre a morte do marido. Segundo ela, que soube da notícia na manhã desta quinta-feira (28), o ocorrido ainda não foi esclarecido para a família.
Viviane precisou comparecer à delegacia para buscar o carro do marido. “Falaram apenas que a culpa era 80% desse amigo que estava com ele. Parece que o amigo sacou a arma e o policial se assustou”, explicou.
Viviane informou ainda que Luiz Augusto tinha posse de arma, mas que não estava armado no momento e que sua arma se encontra em propriedade no interior do Goiás.
“Não sei o que aconteceu. Só falaram que ele levou um tiro de graça”, declarou. A falta de informações sobre a morte do esposo a fez buscar auxílio jurídico.
“A gente buscou uma advogada criminalista para dar uma investigada”, disse. Procurada pelo Correio, a advogada Roberta Macedo explicou que o ocorrido ainda é estudado. “Estamos analisando tudo o que ocorreu e ainda não temos um posicionamento”, declarou.
Viagem
Na noite do ocorrido, Luiz Augusto tinha viagem marcada para o Rio de Janeiro. Viviane chegou a deixar o marido no Aeroporto de Brasília, mas o voo foi cancelado e ela voltou para buscá-lo.
“Eu busquei ele e depois fui para o culto. Ele foi ver o jogo do Flamengo com amigos.” Após sair do estabelecimento, Luiz e um colega policial militar da reserva, de 51 anos, foram abordados por Policiais Militares em patrulhamento, que consideraram a atitude da dupla suspeita.
Durante a abordagem, segundo a PMDF, o colega do médico sacou uma arma calibre .38 e, na sequência, um soldado da corporação disparou duas vezes. Um dos tiros atingiu Luiz na cabeça e ele não resistiu aos ferimentos.
“Ele era uma pessoa maravilhosa, que buscava Deus. Tratava meu filho como se fosse dele”, disse a esposa. O casal estava junto há três anos. Luiz Augusto é pai de dois filhos, um de 5 anos e um 10, fruto do seu primeiro casamento.
Tia
Uma tia de Luiz Augusto ainda criticou a política de segurança pública ao comentar a morte do sobrinho. ”Ele teve uma vida difícil e vinha passando por um problema sério de saúde. Ele foi uma vítima do governo, que manda matar para depois perguntar”, disse a tia da vítima, em entrevista ao jornal ‘O Popular’.
“Ele era um médico renomado aqui no DF. Nós nos reencontramos 20 anos depois. Somos da mesma cidade, eu encontrei o Luiz quando ele estava separado e entrei na vida dele para somar. Eu administrava a clínica dele no shopping”, lamentou ainda a esposa da vítima.
com informações do Portal Metrópoles
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