Em reunião tensa, Carmen Eliza se recusa a largar o caso Marielle Franco. Comando do MP-RJ dava o afastamento da promotora como certo. Ela também é responsável por arquivar o caso Amarildo e usa o termo "esquerdopatas" para classificar os críticos do atual governo
A cúpula do Ministério Público do RJ (MPRJ) se reuniu nesta quinta-feira (31) para decidir sobre um possível afastamento da promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.
A promotora é fã declarada de Jair Bolsonaro (PSL) e já posou ao lado do deputado que tripudiou da morte de Marielle. A reunião teve momentos tensos. O afastamento de Carmen Eliza era dado como certo, mas a promotora se recusou a sair do caso.
A promotora foi uma das três do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que participaram de uma entrevista coletiva sobre o caso na quarta-feira (30).
Na ocasião, Carmen Eliza, Letícia Emile e Simone Sibilio se apressaram para afirmar que o depoimento de um porteiro sobre o que aconteceu horas antes do atentado contra Marielle não condiz com as provas reunidas pelo MPRJ. Especialistas, no entanto, apontam lacunas na perícia.
Promotora é suspeita
Antonio Rodrigo Machado, professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), diz que a foto ao lado do deputado Rodrigo Amorim (PSL) é mais grave do que o apoio a Bolsonaro.
“Não se pode permitir que alguém que tem relacionamento com uma pessoa que desrespeitou a vítima cuide da elucidação do crime. Temos algo mais grave. Se for comprovado que existe relação pessoal entre eles, passamos a ter uma situação muito mais grave, que coloca em xeque a credibilidade do Ministério Público do Rio de Janeiro”, diz o professor.
Esquerdopatas
Durante a campanha, Carmen Eliza postou em suas redes sociais fotos e mensagens de apoio a Jair. Em uma delas, a promotora posou com uma camisa onde se lê “Bolsonaro Presidente”.
Em outra postagem, de 1º de janeiro, ela fotografou a cerimônia de posse do presidente e escreveu, como legenda: “Há anos que eu não me sinto tão emocionada. Essa posse entra naquela lista de conquistas, como se fosse uma vitória.”
Carmen também reproduziu uma imagem de texto que incluía: “O Brasil venceu!!! 57,7 milhões! Libertos do cativeiro esquerdopata”, em referência à votação de Bolsonaro no segundo turno.
Caso Amarildo
A promotora Carmen Eliza tem também no currículo o pedido de arquivamento da ação contra policiais acusados de sumir com o pedreiro Amarildo Dias de Souza – desaparecido da favela da Rocinha em julho de 2013.
No primeiro processo, a Justiça concluiu que Amarildo foi torturado e morto por 13 PMs que acabaram condenados. No entanto, em um segundo processo o caso acabou arquivado a pedido da própria promotora. Ela alegou que as “investigações não avançaram”.
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