Economia

Indústria do aço se diz perplexa com retaliação de Trump, mas Bolsonaro minimiza

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Indústria do aço brasileira se diz perplexa e afirma que anúncio de Donald Trump é retaliação e "não condiz com relações de parceria" entre Brasil e EUA. Bolsonaro adota postura subserviente e minimiza taxação dos EUA

Trump e Bolsonaro durante encontro em Washington, em março (Carlos Barria/Reuters)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (2) que vai reinstalar as tarifas de importação sobre o aço e o alumínio do Brasil em uma resposta à recente valorização do dólar frente ao real. A medida ressuscita o impasse das tarifas impostas às exportações brasileiras desses produtos aos Estados Unidos.

Pelas regras atuais, as exportações de aço do Brasil para os Estados Unidos funcionam em esquema de cotas. Elas são definidas pelo governo norte-americano e estabelecem quanto pode ser exportado pelas empresas brasileiras para as norte-americanas.

Para os produtos semiacabados (que vão ser utilizados em outros produtos), a cota definida foi da média exportada em 2015, 2016 e 2017. Para os itens acabados (o produto final), o governo norte-americano também impôs uma cota que equivale à média dos mesmos anos, além de um redução de 30% no que era exportado.

Hoje, 90% do aço que o Brasil vende para os Estados Unidos é semiacabado. Segundo o Instituto Aço Brasil, as tarifas podem afetar também a indústria norte-americana. O produto semiacabado brasileiro serve de matéria-prima para o que é produzido nos EUA. Portanto, sobretaxas podem encarecer o aço brasileiro e representar um custo adicional para a indústria dos EUA.

O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço dos Estados Unidos, representando cerca de 14% de todas as importações daquele país, de acordo com informações da agência France Presse.

Segundo cálculos da gestora de investimentos Gauss Capital, o impacto de novas tarifas extras sobre a exportação de aço e alumínio para os Estados Unidos seria limitado e a taxação incidiria sobre cerca de US$ 2 bilhões em produtos.

Para Carlos Menezes, sócio da Gauss Capital, o anúncio desta segunda-feira mostra que Trump vai priorizar o fortalecimento da indústria e dos produtores locais em detrimento das relações internacionais.

“É uma sinalização de que o bom relacionamento que o Bolsonaro esperava ter com o governo americano vai precisar de mais cuidado, apesar de ele estar mais alinhado com Trump do que os governos anteriores e também do que outros países da América Latina”.

Perplexidade

O Instituto Aço Brasil, que representa a indústria de aço no país, disse que recebeu “com perplexidade” o anúncio de que os Estados Unidos vão voltar a aplicar tarifas sobre o produto brasileiro. Para a entidade, o movimento é uma “retaliação” “que não condiz com as relações de parceria entre os dois países”.

O presidente Jair Bolsonaro deu uma resposta tímida sobre o anúncio do presidente dos EUA. O brasileiro afirmou que, “se for o caso”, conversará com Trump sobre as tarifas, e descarta que a medida seja uma “retaliação”. Em comunicado divulgado pelos ministérios das Relações Exteriores, Economia e Agricultura, o governo diz que “já está em contato com Washington sobre o tema”.

as informações são do G1 e da Agência Estado

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