Testemunhas apresentam outra versão sobre a agressão contra a youtuber amiga da família Bolsonaro. Filho do presidente provoca a 'esquerda' e tenta fazer política com o episódio. Ativistas e políticos de esquerda manifestam solidariedade a Karol Eller
A youtuber Karol Eller, amiga da família Bolsonaro, sofreu lesões graves ao ser agredida na manhã de domingo (15) após discussão com um frequentador do quiosque Tia Augusta, na Barra da Tijuca.
Segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal), o agressor, Alexandre Silva, e a namorada de Karol, Suelen dos Santos, sofreram lesões leves.
O agressor poderá cumprir pena de até cinco anos por lesão corporal. Há hipótese de que seja condenado por até três anos de prisão por injúria, caso seja configurado crime de homofobia.
Mesmo constatada a gravidade das lesões, Karol e demais envolvidos no episódio deverão prestar novos depoimentos para esclarecer divergências entre os depoimentos das vítimas e de duas testemunhas.
Não está nem descartada a possibilidade de Karol ser indiciada por suposto porte ilegal de arma, já que, segundo a versão do agressor e de duas testemunhas, Karol empunhava a pistola da namorada, que é policial civil, minutos antes de ser agredida.
A Polícia do Rio intimou, também nesta quarta, a proprietária e funcionários do quiosque. Encarregada do caso, a delegada Adriana Belém, da 16ª DP, afirma que os depoimentos são conflitantes e que por isso determinou a coleta de imagens e novos depoimentos.
Oficial de cartório, Suelen poderá ser punida caso tenha permitido que Karol segurasse a arma. Em declarações extraoficiais, ela teria admitido ter deixado a arma com a namorada enquanto buscava algo em seu carro. “Um policial não cede de maneira alguma a arma”, afirmou a delegada.
De acordo com a polícia, Alexandre acompanhava o casal Carlos Guilherme de Oliveira e Dorena Fortini e teria sido apresentado pelos dois a Karol e Suelen.
Em depoimento à policia, Karol afirmou ser vítima de homofobia. Segundo ela, Alexandre a teria chamado de bizarra e sugerido que ela urinasse na rua por ser macho. Ele ainda teria assediado Suelen, dando início a uma briga.
Já Alexandre e o casal que o acompanhava afirmam que Karol voltou alterada do banheiro, onde teria consumido cocaína. A youtuber, segundo essa versão, teria mostrado a arma da namorada, identificando-se como delegada. Ela teria acusado Alexandre de assediar Suelen.
Amigo de Alexandre, Guilherme teria convencido Karol a entregar a arma. Mas a discussão continuou. Karol foi atingida com socos e pontapés.
Eduardo Bolsonaro
No Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro lamentou o episódio e fez uma provocação a ‘esquerdistas’. “Deixo aqui minha solidariedade a Karol Eller. As fotos são bizarras”, iniciou ele. “Lésbica e apoiadora do presidente Bolsonaro, ela já superou muitas situações difíceis, oro pra que logo se recupere. Pela direita, o agressor teria pesada prisão. Será que a esquerda apóia tal medida?”, questionou o filho do presidente.
Ativistas e políticos de esquerda também manifestaram apoio e solidariedade a Karol Eller, por meio de publicações nas redes sociais.
David Miranda, deputado federal do PSOL, por exemplo, escreveu que a violência não faz distinção da preferência partidária e atinge a todos.
“Lamentavelmente Bolsonaro alimenta a LGBTfobia e o discurso de ódio contra nós. A violência não faz distinção por preferência partidária e atinge a todos nós. Isso não é impeditivo pra que prestemos nossa solidariedade à Karol Eller, que se recupere logo”, afirmou ele.
Deputado federal também pelo PSOL, Marcelo Freixo classificou a agressão a youtuber como “inaceitável”.
“O que aconteceu com a youtuber Karol Eller, agredida num ataque homofóbico no Rio, é inaceitável. Repudio a violência, não importam quais sejam as convicções políticas da vítima. Me solidarizo com Karol e com a comunidade LGBT, alvo de discursos de ódio que alimentam a barbárie.”
Sâmia Bonfim (PSOL-SP) disse que “a realidade de violência na qual vivem as LGBTs não distingue preferência partidária”.
“Infelizmente, temos um presidente da República que estimula a homofobia ao declarar preferir um filho morto a um filho homossexual. Minha solidariedade a Karol Eller”, afirmou.
Karol Eller
Karol Eller ficou conhecida não só pelos seus vídeos no YouTube, mas também pelas declarações polêmicas e de apoio a Jair Bolsonaro na época da campanha presidencial de 2018.
A youtuber se mudou de Minas Gerais para o Rio de Janeiro recentemente após ganhar um cargo na EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que gere emissoras de rádio e televisão públicas federais.
A notícia do novo emprego da amiga íntima da família Bolsonaro repercutiu na mídia, inclusive divulgando o salário dela, que seria de R$10.700.
com informações da Folha de S.Paulo
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