Educação

Professor de matemática usa método Paulo Freire em sala de aula e emociona

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"Coisas que me fazem chorar". Relato de professor de matemática que usou método Paulo Freire em sala de aula viraliza nas redes sociais

O nome de Paulo Freire voltou ao topo das discussões sobre educação no Brasil após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamar o educador de “energúmeno” no início da semana.

No Senado Federal, um requerimento foi aprovado para realizar sessão especial em homenagem a Paulo Freire, morto em maio de 1997. Até mesmo o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), assinou o requerimento.

A previsão é de que a sessão no plenário do Senado Federal seja realizada em 4 de maio de 2020, mês em que a morte de Freire completará 23 anos.

Nas redes sociais, um relato do professor e economista Ricky Cifuentes viralizou. Confira abaixo, em 12 pontos:

O relato do professor repercutiu. “Coisas que me fazem chorar”, publicou a professora universitária Talita Tavares. “Obrigada e eu chorei aqui. Nunca entendi matemática porque nunca nenhum dos exemplos fez sentido pra mim”, escreveu Ariély.

“Parabéns pela sensibilidade e pelo interesse. O método do Paulo Freire é usado em uma potência tal qual a Alemanha para escolarização de imigrantes e no tratamento de Alzheimer. Então a gente sabe quem é o energúmeno na história”, comentou Pádua.

“Jamais havia visto duas perfeições juntas. Explicação sobre o método de Paulo Freire, sua dedicação e a forma perfeita de trazer esses alunos para perto de si sem que se sentissem inferiores. Parabéns mestre, você tem como profissão o sacerdócio de tirar as pessoas da ignorância”, afirmou Dantas.

Paulo Freire

Para o professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Moacir Gadotti, é preciso rigor para falar de Paulo Freire. Ele relembra as incontáveis publicações e referências ao educador, e completa: “ele tem um lugar no mundo garantido pelo reconhecimento do seu trabalho, com contribuições na educação, nas artes, nas ciências e até na engenharia”.

Por isso, avaliá-lo somente como educador não basta, opina o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miguel Arroyo. “A radicalidade dele tem que ser entendida dentro de nossa história”, garante. Daí a necessidade de se reivindicar o lugar de Paulo Freire. “Sobretudo por parte dos educadores populares que assumem, para além de suas ideias, as concepções de mundo que estão por trás delas”, reflete Gadotti.

O rechaço a Paulo Freire não é novidade e tampouco recente. Tem início já nos fins dos anos 50 e começo da década de 60, momento em que o educador idealiza a educação popular e realiza as primeiras iniciativas de conscientização política do povo, em nome da emancipação social, cultural e política das classes sociais excluídas e oprimidas.

Sua metodologia dialógica foi considerada perigosamente subversiva pelo regime militar, o que rendeu a Freire o exílio. O educador, entretanto, não deixou de produzir e nesse período escreveu algumas de suas principais obras, dentre elas, a Pedagogia do Oprimido — único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 títulos mais pedidos pelas universidades de língua inglesa.

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