Empresário que promoveu ataque ao 'Porta dos Fundos' tem 12 passagens pela polícia
Empresário que promoveu ataque terrorista ao Porta dos Fundos é filiado ao PSL, já agrediu a ex-mulher e tem comportamentos violentos e homofóbicos. Ele também tem passagens por formação de quadrilha e foi flagrado agredindo um homem por trás
O empresário Eduardo Fauzi Richard Cerquise, 41, é a única pessoa identificada até agora no ataque terrorista contra a sede da produtora do grupo ‘Porta dos Fundos’. Ele é filiado desde 2001 ao PSL e tem 12 passagens pela polícia.
Após o ataque, Fauzi fugiu para a Rússia no último dia 29 de dezembro. O empresário é muito conhecido nos bailes de ‘zouk’, uma dança de salão de origem caribenha que se espalhou pelo mundo. Nas redes sociais, aparece em fotos e vídeos dançando em vários países.
Eduardo é formado em economia pela UFRJ e atualmente é considerado foragido da Justiça. Entre os amigos, ele gosta de ser chamado de “o rei do mambo” e costuma andar sempre em grupo. “É uma pessoa com o perfil agressivo, violento. Uma pessoa perigosa”, disse o delegado Marco Aurélio de Paula Ribeiro, que investiga o ataque.
Uma dançarina de zouk disse ao ‘Fantástico’, da TV Globo, que hoje Eduardo não é muito bem visto entre os frequentadores dos bailes do estilo musical, por ter comportamentos homofóbicos.
“Já tiveram algumas afirmações do tipo: ‘Ah, o zouk tá virando um gueto gay, eu nunca vou me esfregar em outro homem’. Esse tipo de afirmação que ele fazia nas redes sociais”, disse ela.
O ‘Porta dos Fundos’ foi criticado por cristãos fundamentalistas pela maneira como retratou Jesus no especial de Natal de 2019, um programa de humor, exibido na Netflix. O filme insinua que Jesus teve uma experiência homossexual após passar 40 dias no deserto.
Entrevista após o crime
Eduardo Fauzi é o único terrorista que chega a deixar o rosto descoberto durante o ataque. Cinco dias depois, ele foi identificado pela polícia e teve a prisão decretada. Mas já era tarde. Ele já havia saído do Brasil em direção à Rússia. Uma fuga premeditada, como ele afirmou em uma entrevista ao site do projeto ‘Colabora’.
“Achavam que fui muito estúpido para não cobrir o rosto e não alterar a voz, mas fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado de prisão a tempo de viajar pra fora do país”, disse Fauzi.
Eduardo Fauzi tem uma vasta ficha criminal: doze passagens pela polícia. É investigado pela prática de crimes como ameaça, lesão corporal e formação de quadrilha.
também mostrou seu temperamento agressivo durante uma fiscalização da prefeitura, ao agredir pelas costas o então secretário municipal de Ordem Pública do Rio, Alex Costa, enquanto ele dava uma entrevista.
“No momento eu fiquei ali sem visão, sem audição”, lembra Alex. “Eu não tava esperando aquilo. Foi um soco por trás, então foi um ato covarde da parte do sujeito”, acrescentou. Fauzi foi processado por agressão pelo tapa. Mas o crime prescreveu antes que ele fosse julgado.
Agrediu ex-mulher
Eduardo também já foi acusado de crimes duas vezes por sua ex-mulher, com quem teve dois filhos. A primeira acusação foi feita em 2009. O casal estava na rua, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, quando discutiu. Segundo consta no boletim de ocorrência, a ex mulher foi empurrada por Eduardo e começou a gritar por socorro. Os dois acabaram sendo levados para a delegacia por policiais militares.
A segunda acusação foi registrada em 2016. Depois de cobrar na Justiça o pagamento de pensão alimentícia, a ex-mulher afirmou em depoimento ter recebido as seguintes ameaças: “Posso te prejudicar de várias maneiras” e “Você anda muito sozinha na rua. Cuidado com o que pode acontecer com você”.
Ainda em depoimento, ela disse que “seu ex-companheiro possui um comportamento muito violento, já tendo a agredido diversas vezes verbalmente e fisicamente”.
Após o ataque à produtora, a polícia apreendeu, na casa de Fauzi e em outros dois endereços ligados a ele, R$119 mil, duas armas de brinquedo, facas, e uma camisa de uma associação que se diz nacionalista.
Segundo a polícia, Fauzi é um comerciante e empresário. “Ele foi sócio de posto de gasolina durante muito tempo. Ele é presidente de uma associação de guardadores de veículos no centro da cidade, basicamente, a família é dona de estacionamento”, diz o delegado.
Lula e Boulos
No último dia 3 de janeiro, internautas passaram a reproduzir um vídeo em que Fauzi critica o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos (Psol).
“Quando Lula diz que um menor não pode ser violentado pela polícia por roubar um celular, isso é um absurdo!”, afirmou no vídeo segundo o site Catraca Livre. Fauzi também disse que Boulos “vive de invadir propriedade particular, extorquir pessoas, e ninguém fala nada”.
O candidato do Psol nas eleições presidenciais de 2018 respondeu que ser “atacado por covardes como ele é um elogio”.
Fauzi havia gravado na quarta-feira (1) outro vídeo e publicado no Youtube. O empresário-terrorista disse que a produtora Porta dos Fundos é criminosa e encerrou pedindo oração e clamando por Deus, pela pátria e pela família brasileira.